Deficiências Múltiplas: Atividades Pedagógicas para Alunos

As chamadas Deficiências Múltiplas consistem em casos de associação de duas ou mais deficiências no mesmo indivíduo como, por exemplo, surdocegueira, mental e física entre outras. Essas pessoas apresentam mais dificuldade para interagir e se inserir no mundo de maneira que a escola se torna mais do que um lugar para aprender a ler e escrever. Muitas das crianças deficientes múltiplas precisam aprender como se relacionar socialmente com os demais e administrar o seu próprio corpo.

As atividades pedagógicas direcionadas a esses alunos devem ser desenvolvidas com foco em melhorar a sua percepção do entorno e lhes ajudar a desenvolver um código próprio para se comunicar e entender os outros. Já existem cursos de graduação em Pedagogia com ênfase em Deficiência Mental assim como pós-graduações que objetivam tornar os professores melhor preparados.

Aprendendo Através da Sensibilidade

O primeiro ponto que todo professor que recebe alunos com deficiências múltiplas deve ter claro é que eles aprendem pela sensibilidade. Mesmo que o estudante não enxergue ou não escute ele ainda pode usar a sua capacidade de sentir para se envolver com os conteúdos e descobrir o mundo. A partir da observação de que ponto de sensibilidade será utilizado é mais fácil direcionar os métodos de ensino.

Colocando de maneira prática podemos imaginar uma professora de matemática que recebe um aluno surdo e cego que demonstra grande interesse por números, como ela deve ensiná-lo? Essa história é real e a professora em questão, Patrícia Renata Marangon nunca desistiu do seu aluno Paulo Santos Ramos. O jovem foi diagnosticado aos 2 anos de idade com Artrite Reumatoide Juvenil que sensibiliza os olhos, articulações e coração.

Atualmente, Paulo é cego, tem apenas 30% da audição e tem severas restrições para movimentar os braços. A solução encontrada por Patrícia foi usar um microfone durante as aulas e desenvolver figuras geométricas (as que aparecem ilustradas nos livros e provas de matemática) de EVA. A confiança de Patrícia foi tanta que ela inscreveu o jovem nas Olímpiadas de Matemática e ele foi um dos 300 alunos a receber uma medalha de ouro dentre os 10,5 milhões de participantes.


Estrutura

Obviamente nem toda a determinação do mundo é suficiente para que os professores sejam bem-sucedidos na tarefa de ensinar os alunos com deficiências múltiplas se não contarem com o mínimo de estrutura da escola. Toda escola tem o dever de receber os alunos que batem a sua porta, contudo, é fundamental que as instituições compreendam o que significa receber um aluno com deficiências permitindo que seja criado um ambiente acolhedor e que atenda as suas principais necessidades.

Possibilidades de Atividades Pedagógicas com Alunos Deficientes Múltiplos

Atividade para Desenvolver Rotina

Alunos surdocegos podem ter grande dificuldade de compreender o que é a escola e que devem fazer nesse ambiente. Por isso é interessante apostar numa atividade pedagógica recorrente de rotina. Para que ele compreenda que chegou a sala de aula para estudar, por exemplo, o professor ou um colega de turma pode fazer com que o aluno toque a porta, em seguida o quadro negro e por fim o giz. Essa sequência deve ser feita todos os dias como um aviso de que ele está no mesmo ambiente.

Antes de iniciar as atividades escolares o professor pode fazer com que o aluno reconheça seu caderno através do tato. Em outros momentos como a hora do intervalo pode ser criado um ritual para o lanche também. O reconhecimento dos colegas de classe pode se dar através do desenvolvimento de um sinal para cada um, pode ser o cabelo, um anel ou uma marca de nascença que seja sensível ao tato.

Atividade para Aprender Através do Exemplo

Os alunos que possuem alguma deficiência física podem aprender a desenvolver movimentos básicos através da observação de outras crianças que não tem deficiências. Uma forma de conseguir essa interação é através da criação de rodas de brincadeira no final da aula. Tendo o aval do médico da criança é possível até mesmo coloca-la sentada junto aos colegas.

Desenvolva brincadeiras em que se use prioritariamente os movimentos que essas crianças possuem. No caso de um aluno que não tem o movimento das pernas o mais indicado é fazer brincadeiras com as mãos e braços. Com o tempo os movimentos se tornarão mais seguros porque serão decorrentes também da observação dos colegas.

Atividade de Incentivo para Engatinhar

No caso de crianças menores que apresentam dificuldade de movimentos e não estão nem engatinhando uma boa estratégia é deixa-las o mínimo de tempo possível na cadeira de rodas. Deixar essa criança deitada no colchonete em que os colegas estão brincando ajudará fazer com que ela sinta esse movimento e possa então se sentir impelida a se movimentar também. Contudo, é essencial perguntar ao médico que atende a criança se essa atividade está liberada.

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Categoria(s) do artigo:
Escolar

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