Operação Lava Jato

Com toda certeza quem acompanha a Operação Lava Jato todos os dias presente em noticiários de TV e na internet sabe que está vendo um importante capítulo da história brasileira sendo escrito. Os livros de história com que nossos filhos, netos e bisnetos irão estudar terão várias páginas dedicadas a maior operação de devassa da corrupção já realizada no Brasil.

Comparada muitas vezes a Operação Mãos Limpas, realizada na Itália nas décadas de 1980 e 1990, a Operação Lava Jato conquistou simpatizantes e críticos. Mas, afinal você sabe quais são os objetivos e como trabalham os nomes atuantes nessa operação que visa identificar e prender os envolvidos num dos maiores escândalos de corrupção do país? A seguir elaboramos uma linha do tempo da operação para que você possa ter mais informações e compreender as minúcias da investigação promovida pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal.

Operação Lava Jato – O que é?

Essa operação de investigação já entrou para a história como a maior com objetivo de devassa da corrupção. O foco inicial da investigação eram crimes de lavagem de dinheiro de recursos ilícitos relacionados ao ex-deputado federal José Janene, de Londrina, no Paraná. Os crimes investigador incluem ainda os doleiros Carlos Habib Chater e Alberto Youssef. O doleiro Youssef já era um velho conhecido dos procuradores da República por crimes investigados em outra operação, o Caso Banestado.

A investigação que começou focada na ação dos doleiros em diferentes estados brasileiros acabou sendo direcionada para um gigantesco esquema de corrupção na Petrobrás em que estão envolvidos muitos dos partidos políticos atuantes no Brasil. O esquema de corrupção foi então documentado. Conheça abaixo como é o esquema de corrupção que espantou os brasileiros.

Como Era o Esquema de Corrupção Investigado Pela Operação Lava Jato?

Pagamento de Propinas

A chave de todo o esquema está no pagamento de propinas pagas por empreiteiras e outras empresas fornecedoras a diretores da Petrobrás para garantir que ganhariam as licitações de que participassem.

Superfaturamento de Contratos

Para que as propinas pudessem ser pagas eram redigidos contratos superfaturados de maneira que ocorresse o posterior desvio de verbas dos cofres da Petrobrás.

Quem Eram os Operadores?

Muito se falou a respeito da figura dos operadores dentro do esquema, basicamente eram os responsáveis por repassar os recursos ilícitos para políticos e funcionários públicos. Podiam atuar como operadores pessoas com funções-chave como doleiros e lobistas.

Quem Recebia as Propinas?

Conforme indica a investigação empreendida pelo Ministério Público Federal recebiam as propinas partidos políticos que faziam as indicações de diretores que estavam de acordo com o esquema para a Petrobrás.

Linha do Tempo do Avanço da Operação Lava Jato

Investigação a Doleiros – O Início

As investigações que desencadeariam na Operação Lava Jato tiveram início em 2009 a partir da observação dos montantes movimentados por doleiros, ligados a Alberto Youssef, no Brasil e no exterior. Eles usavam empresas de fachadas e contas em paraísos fiscais para movimentar bilhões de reais.

A Ligação com a Petrobrás

Foi descoberto que Youssef tinha negócios ilícitos com Paulo Roberto Costa que é um ex-diretor da Petrobrás. Também foram descobertos laços entre o doleiro e fornecedores da estatal bem como com grandes empreiteiras. No mês de março de 2014 foram presos Costa e Youssef e então a investigação passou a se focar na Petrobrás.

A Delação de Paulo Roberto Costa

Um dos momentos mais importantes da Operação Lava Jato com certeza foi o da delação realizada por Paulo Roberto Costa. Quando foi preso pela segunda vez, no mês de agosto de 2014, ele aceitou colaborar com as investigações mediante redução de pena. Ele admitiu em depoimento que outros diretores da Petrobrás, assim como ele, aceitavam propinas de grandes empreiteiras e fornecedores.

Documentos

É importante ressaltar que durante essa etapa da investigação da Operação Lava Jato foram apreendidos mais de 80 mil documentos e equipamentos eletrônicos como celulares e computadores dos envolvidos com o objetivo de procurar por pistas e provas. Foram ainda monitoradas conversas telefônicas e investigados dados bancários dos envolvidos.

Ações Penais e Acusados

Em sua primeira etapa a Operação Lava Jato teve nada menos do que 55 réus estabelecidos, foram 74 acusados (porém, alguns foram acusados mais de uma vez) e oferecidas 12 ações penais. Foram ainda emitidas 15 medidas cautelares que bloquearam em torno de R$ 50 milhões de reais para o retorno aos cofres públicos.

As Empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez

A partir dos depoimentos de Costa o Ministério Público passou a investigar a relação das empreiteiras com o esquema de corrupção. Em novembro de 2014 a polícia federal prendeu executivos de nove empreiteiras que haviam sido mencionadas. No ano seguinte se chegou a duas das maiores empresas do segmento no Brasil, a Odebrecht e a Andrade Gutierrez.

Políticos Envolvidos

Foi no mês de julho de 2015 que o MPF chegou aos primeiros políticos a serem investigados pela Operação Lava Jato. Um dos primeiros a serem investigados foi o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTC-AL). Foram realizadas buscas em propriedades do senador e outros políticos.

José Dirceu

Um dos momentos tidos como históricos dessa operação foi a prisão do ex-ministro do Governo Lula, José Dirceu. A acusação contra Dirceu consiste no recebimento de pagamentos de propinas concedidas por grandes empreiteiras em troca de favorecimento.

Outras Prisões Importantes

O mês de dezembro de 2015 foi impactado pelas prisões do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e de um amigo pessoal do ex-presidente Lula, o pecuarista José Carlos Bumlai. Nesse mês também foram realizadas buscas em propriedades de Eduardo Cunha, deputado afastado do PMDB-RJ assim como de outros nomes relevantes para esse partido. Cunha se tornou réu da Lava Jato somente em 2016.

É Só na Petrobrás?

Infelizmente a resposta é não, pois executivos de importantes empreiteiras que foram intimados e presos aceitaram colaborar na forma de delação premiada e deixaram claro que o mesmo esquema de corrupção era aplicado em outros setores como o de energia através da usina nuclear Angra 3 e Belo Monte e até mesmo na construção de estádios usados para a Copa do Mundo de 2014.

As Fases da Operação Lava Jato

1ª a 6ª fases da Operação Lava Jato

Uma característica dessa operação é a sua divisão em diferentes operações com outros focos. Conforme o foco da investigação é redirecionado o nome muda, até a sexta fase a investigação se chamou Operação Lava Jato. As seis primeiras fases foram desdobramentos do começo da operação e a partir da sétima a investigação passou a contemplar as empreiteiras e seus executivos.

7ª fase – Operação Juízo Final

O foco passa a ser executivos de grandes empreiteiras como Engevix, OAS, Camargo Correa, Galvão Engenharia entre outras.

8ª fase – Operação Lava Jato

Prisão de Nestor Cerveró que é ex-diretor da Petrobras.

9ª fase – Operação My Way

Investiga o pagamento de propinas na diretoria de serviços da Petrobras que estava sob o comando de Renato Duque. João Vacari Neto (então tesoureiro do PT) é levado para prestar depoimento. O presidente do Grupo Galvão, Dario Galvão Filho, é preso.

10ª fase – Operação que País é Esse

Nova prisão de Renato Duque.

11ª fase – Operação A Origem

Alguns ex-deputados são presos como Luiz Argôlo (ex-PP-BA) e André Vargas (ex-PT-PR). A investigação passa a identificar crimes também no Ministério da Saúde e na Caixa Econômica Federal.

12ª fase – Operação Lava Jato

Prisão de João Vacari Neto por suspeita de recebimento de propinas.

13ª fase – Operação Lava Jato

Prisão de Milton Pascowitch da empreiteira Engevix por pagamento de propinas.

14ª fase – Operação Erga Omnes

Prisão dos presidentes da Odebrecht e Andrade Gutierrez junto a mais dez pessoas. Há investigação de formação de cartel.

15ª fase – Operação Conexão Mônaco

Prisão de Jorge Zelada pela suspeita de corrupção e evasão de divisas.

16ª fase – Operação Radioatividade

Investigação de irregularidades em contratos da Eletronuclear e Usina Angra 3. Prisão de Othon Luiz Pinheiro da Silva (presidente em licença da Eletronuclear) e também de Flavio David Barra, executivo da Andrade Gutierrez.

17ª fase – Operação Pixuleco

Prisão de José Dirceu, já acusado na investigação do Mensalão, e mais 7 pessoas por participação em esquema de corrupção e recebimento/pagamento de propinas.

18ª fase – Operação Pixuleco 2

Prisão de Alexandre Romano, ex-vereador do PT na cidade de Americana (SP). Continuação da fase anterior.

19ª fase – Operação Nessun Dorma

Prisões de João Augusto Rezende Henriques (o operador do PMDB) e José Antunes Sobrinho que é sócio da Engevix.

20ª fase – Operação Corrosão

Prisão de Nelson Martins Ribeiro que seria o intermediador das propinas entre as empresas e a Petrobras.

21ª fase – Operação Passe Livre

Prisão de José Carlos Bumlai que é pecuarista e apontado como amigo pessoal do ex-presidente Lula. Uma das acusações é que ele seria o responsável por intermediar a dívida de R$ 12 milhões do PT com o Grupo Scharin por meio da Petrobras.

22ª fase – Operação Triplo X

Seis prisões foram realizadas e a Polícia Federal passou a investigar se a OAS usou um condomínio no Guarujá, São Paulo, como meio de pagamento de propinas. Nessa fase foi descoberto que o ex-presidente Lula teve um tríplex reservado no condomínio em questão. Uma das unidades era de propriedade de João Vacari Neto.

23ª fase – Operação Acarajé

Foco na investigação de pagamentos de propinas da Odebrecht a João Santana que foi o marqueteiro da campanha de Dilma Roussef (PT). A investigação se estendeu também a esposa de Santana, Mônica Moura.

24ª fase – Operação Aletheia

Não houve prisões, mas foi marcada pela condução coercitiva do ex-presidente Lula para prestar esclarecimentos sobre o recebimento de reformas em propriedades de forma indevida por empreiteiras.

25ª fase – Operação Polimento

Primeira prisão internacional, Raul Schmidt Felippe Junior em Lisboa, Portugal.

26ª fase – Operação Xepa

Prisão de 13 pessoas, dentre as quais estão executivos da Odebecht.

27ª fase – Operação Carbono 14

Prisões de Silvio Pereira (ex-secretário geral do PT) e Ronan Maria Pinto (empresário). Investigação da relação dos desvios da Petrobras com o assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT). Acredita-se que Bumlai pagou para que detalhes sobre o crime não fossem revelados.

28ª fase – Operação Vitória de Pirro

Prisão do ex-senador Gim Argello (PTB-DF) e investigação do pagamento de propinas por empreiteiras que não queriam depor nas CPIs da Petrobras como a OAS. O ex-senador era vice-presidente da comissão.

29ª fase – Operação Repescagem

Prisão de João Claudio Genu que é ex-funcionário do PP que já havia sido preso e continuou recebendo propinas.

30ª fase – Operação Vício

Investigação de pagamento de propinas a Renato Duque e José Dirceu.

31ª fase – Operação Abismo

Investiga obra irregular no Centro de Pesquisa da Petrobras. Prisão de Paulo Ferreira que é ex-tesoureiro do PT.

32ª fase – Operação Caça Fantasmas

Investigação para desmontar esquema de lavagem de dinheiro desviado da Petrobras através de bancos que não tinham autorização para operar no Brasil. O principal investigado foi Edson Paulo Fanton que era o responsável pela administração do FPB Bank, principal envolvido.

33ª fase – Operação Resta Um

Investigação da formação de cartel entre a Queiroz Galvão e outras empresas do setor para realizar licitações fraudulentas.

34ª fase – Operação Arquivo X

Investigação de desvios de dinheiro em obras realizadas pelas empresas OSX de Eike Batista e Mendes Junior. Destaque para a investigação do ex-ministro dos Governos Lula e Dilma Guido Mantega.

35ª fase – Operação Omertà

Investigação da existência de uma relação ilícita entre a empreiteira Odebrecht e Antonio Palocci que é ex-ministro dos Governos Lula e Dilma.

De Onde Vem o Nome da Operação?

O nome principal dessa operação vem do fato de que uma das primeiras organizações a serem investigadas por obtenção de recursos ilícitos usava uma rede de postos para fazer a lavagem de dinheiro. Mesmo a operação tendo seguido outros caminhos e sido direcionada para outras organizações continuou sendo conhecida pela alcunha de Operação Lava Jato.

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Categoria(s) do artigo:
Brasil

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