O Endividamento das Famílias Chegou a 67,5% no Mês de Abril

Todos os meses a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) realiza uma pesquisa em todas as capitais do país para apurar dados sobre as famílias que possuem dívidas, tanto por empréstimos como por compras de bens, e para saber se os endividados estão conseguindo arcar com seus compromissos em tempo ou estão atrasados. Além disso, esta pesquisa fornece dados de importância sobre a forma de endividamento das famílias, os tipos de dívidas mais escolhidas, o tempo no atraso do pagamento e o porcentual de famílias que não conseguirão pagar suas dívidas no próximo mês. 

De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) realizada no mês de abril, 67,5% das famílias brasileiras estão endividadas. Este percentual apresenta 0,9 ponto acima do endividamento de agosto do ano passado, sendo o maior valor desde então. Também se destaca o fato de que é o quinto aumento consecutivo, isto é, desde dezembro a quantidade de famílias que estão comprando a prazo ou que estão fazendo empréstimo não para de aumentar. 

As dívidas de compras que a pesquisa considera são o cheque pré-datado, o cartão de crédito, o cheque especial e o carnê de loja, mas também estão incluídas outras operações financeiras: o crédito consignado, o empréstimo pessoal, prestação dos financiamentos de carros e de casas.

Em torno de 11 milhões de famílias possuem algum tipo de dívida, a principal é com o cartão de crédito, 80,9% dos entrevistados possuem contas para pagar nesta modalidade. Mas os entrevistados têm também compras com carnês (16,5%), dívidas no Cheque Especial (6,3%) e com o Cheque Pré-Datado (1,5%). 

CNC

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Provavelmente devido à grande liquidez e aos juros baixos no mês de abril, a contratação de financiamentos para a compra de automóveis e de casas mostraram um crescimento em relação a março, as parcelas do financiamento de veículos é uma dívida para 10,2% dos entrevistados, da mesma forma, 8,5% dos entrevistados possuem dívidas do financiamento de imóvel.

Entre os empréstimos o mais usado de acordo com a PEIC é o Crédito Pessoal (7,9%), provavelmente pela menor burocracia na hora da contratação e da liberação mais rápida. Seguido do Crédito Consignado (6,4%) que é uma das modalidades que oferece as as melhores condições para um empréstimo, isto se o cliente trabalha como servidor público, funcionário de empresa privada (CLT) ou é beneficiário do INSS. 

Famílias e Endividamento

Comprar com o cartão de crédito se tornou cada vez mais fácil desde o ano passado, e é maior o número de lojas, virtuais ou físicas, que disponibilizaram mais opções de pagamento com crédito. Segundo a Abecs, associação que representa as empresas do setor de meios eletrônicos de pagamento, no ano passado as operações com cartão chegaram a somar R$ 2 trilhões, mostrando um aumento de 8,2% em relação ao ano anterior. 

Para este ano o prognóstico é que haja um crescimento em torno de 18% no uso destas formas de pagamento, isto é, que o valor das operações ascenda a R$ 2,38 trilhões. Esta associação também prevê, contando com a recuperação da economia, que 50% dos pagamentos realizados neste ano serão feitos por meios eletrônicos.

O uso do cartão não é negativo, mas exige consciência por parte do consumidor e controle sobre os gastos. Apesar disso, durante a pandemia, muitas famílias se viram na obrigação de usar o cartão de crédito para enfrentar as situações do dia a dia e isto, em muitos casos, provocou o aumento do endividamento e também a inadimplência dos consumidores. 

Na PEIC de abril, 14,4% das famílias entrevistadas se declararam muito endividadas, segmento que mostrou uma pequena queda em relação ao ano passado, onde 15,6% eram os que se consideravam nesta categoria. Em abril a média de comprometimento da renda para a quitação dessas dívidas caiu de 30,1% para 30% e em torno de 20% dos endividados declaram ter mais da metade da sua renda comprometida, percentual positivo posto que é a quinta queda consecutiva. 

O atraso no pagamento das dívidas ficou na média de 61,4 dias, menor prazo nos últimos nove meses. Mas as famílias ficam em média 6,8 meses até que conseguem fazer a quitação da operação, período que se mantém estável desde a PEIC de julho de 2020. 

Dívidas e Inadimplências

O endividamento das famílias brasileiras, por si só, não é tão significativo, afinal pode sugerir que as pessoas decidem fazer empréstimos, financiamento de veículos e compras parceladas contando que terão os recursos necessários para honrar seus compromissos nos próximos meses. Por isso, é importante analisar a pesquisa em seu conjunto. 

Um dado valioso para analisar é o percentual de inadimplência dos endividados, junto com o tempo de atraso nessa demora na quitação. Neste sentido o cenário é positivo: em março o 10,5% dos entrevistados afirmaram não poder quitar suas dívidas e, portanto, se manteriam inadimplentes, em abril esse percentual caiu levemente, está em 10,4%. 

Também houve uma leve queda entre as famílias que possuem dívidas em atraso, de 24,4% em março para 24,2% em abril, sendo o oitavo mês de queda consecutiva. Em relação ao ano passado, são menos as famílias que estão atrasadas com suas dívidas, em abril de 2020 alcançaram 25,3% dos entrevistados. Porém a inadimplência que estava em 9,9% subiu para 10,4%. 

A PEIC divide os entrevistados em dois grupos, aqueles que ganham até dez salários mínimos e aqueles que ganham menos. A inadimplência no primeiro grupo mostrou uma queda, de 27,2% para 26,9%. Mas, no caso do segundo grupo, houve um aumento de 12,2% para 12,3% no último mês, e isto gera o aumento na média da inadimplência.

Esses dados podem ser favoráveis tanto para os consumidores quanto para os vendedores, no entanto, temos que considerar que a economia é complexa, e que neste cenário instável e com muitas incertezas decorrentes da pandemia temos que analisar todos os fatores da situação. 

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Categoria(s) do artigo:
Economia

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