Qual O Dia Que Os Judeus Comemoram a Páscoa?

O politeísmo era uma prática extremamente comum na maioria da sociedades antigas. Todas as mais célebres civilizações da antiguidade, gregos, egípcios, mesopotâmicos, fenícios e persas, entre diversas outras, partilhavam, cada uma à sua própria maneira, da fé em vários deuses. Atualmente, em especial no ocidente, as religiões politeístas foram reduzidas muitas vezes a simples mitos arcaicos, e o avanço global das religiões abraâmicas detém uma provável explicação para esse fenômeno.

O monoteísmo é a crença suprema na existência de apenas um deus, este por sua vez seria onipotente, onisciente e onipresente. Na contemporaneidade, mesmo que ainda exista variadas doutrinas politeístas com muitos adeptos, a fé em apenas uma divindade é mais protuberante na maior parte do mundo. As religiões com maior quantidade de seguidores atualmente são o cristianismo e o islamismo,  espalhadas por todos os continentes, juntas elas contam com cerca de 3,5 milhões de fiéis e em crescente processo de expansão. Esses dois sistemas de fé remontam uma origem comum, ambas derivam do judaísmo e juntas com ele compõem o trio de principais religiões abraâmicas. Os livros sagrados dessa tradições, no caso dos judeus o Torá , para os cristãos a Bíblia e aos muçulmanos o Corão , mostram que o nascença dessas crenças tem o patriarca Abraão como fundador dessas vertentes do monoteísmo. Partilhando de várias similaridades, tal como as histórias da arca de Noé ou ainda o aparecimento de figuras como Adão e Moisés, essas três escrituras também apresentam diferenças entre si, por exemplo, a trajetória de vida de Jesus é retratada, mesmo que com algumas diferenças, tanto na Bíblia quanto no Corão, mas não no Torá, que rejeita essa figura como sagrada.

Símbolos do Judaísmo, Islamismo e Cristianismo

Símbolos do Judaísmo, Islamismo e Cristianismo

Não tendo uma história única nessas tradições, as datas sagradas delas também variam, no Islã, por exemplo, é praticado no nono mês do calendário muçulmano, chamado Ramadã, um ritual onde seus adeptos praticam um jejum alimentar, que se estendem para todas as horas do dia onde há luminosidade e portanto o fiel pode se alimentar apenas após o pôr do sol. Para além do jejum alimentar, um jejum moral também é feito nesse período, época onde os adeptos dessa religião procuram uma relação maior com os valores divinos e deste modo vetam qualquer comportamento que vai contra os princípios dela, buscando praticar a tolerância em suas ações. Os cristãos por sua vez celebram o natal, dia onde os seguidores dessa fé comemoram a possível data do nascimento de Jesus Cristo, ainda que nos tempos mais recentes esse período tenham se tornado, sobretudo, uma época de consumo, durante a maioria dos anos foi apenas uma exaltação em homenagem a principal figura dessa crença.

Para os judeus, o Hanucá, é uma data importante, pois marca a data em que Judas Macabeu liderou e ganhou uma revolta contra o império Selêucida, opressores do seu povo, a celebração também é conhecida como festival das luzes, porque é comum aos judeus acenderem velas para comemorar a data. Nenhum desses eventos é comum aos três povos.

Diferentes Mas Semelhantes

Expondo esses contrastes entre as religiões abraâmicas é comum se questionar se a única semelhança entre elas é a origem, porém parte essencial da existência delas é a prática de uma se basear e adaptar-se, do seu próprio jeito, a elementos das outras. A Páscoa, também chamada de Pessach pelos judeus, é um grande exemplo disso, comemorada tanto por judeus quanto por cristãos, elas celebram coisas diferentes mas se comunicam por elementos em comum, na tradição cristã essa data é também chamada de domingo de ressurreição pois o que é comemorado é a volta a vida de Jesus Cristo três dias após sua cruel morte pelos romanos, já na judaica a celebração se deve ao fim da escravidão dos judeus no Egito, que se deu após Deus castigar o Egito com 10 pragas, entre elas infestação de piolhos e a mortes de todos os primogênitos da civilização egípcia, na intenção de convencer o Faraó a libertar o seu povo que o líder egípcio mantinha cativo lá.

Como se pode observar as causas dessas festividades são muito diferentes, uma exalta a Jesus, a outra rodeia a figura de Moisés, mas ambas possuem um sentido análogo, o de passagem, seja da escravidão para a liberdade, ou da morte para a vida, as duas cerimônias celebram isso, inclusive na língua hebraica a palavra Pessach apresenta o conceito de passar por cima ou por alto. No que diz respeito aos dias de celebração, elas possuem algumas diferenças e semelhanças, ambas ocorrem em datas próxima e que em alguns anos até coincidem, enquanto a dos seguidores de Cristo é comemorada em uma data móvel, ou seja não respeita uma data fixa em um calendário oficial, podendo até mesmo variar de vertente para vertente do cristianismo, isso ocorre porque no primeiro concílio de Nicéia, estabeleceu-se que a Páscoa seria celebrada na primeira lua cheia após o ponto vernal, que ocorre nas imediações do dia 21 de março. Entretanto os cristãos orientais seguem o calendário juliano e os ocidentais o gregoriano, o que significa que mesmo respeitando a mesma norma, a data varia entre essas ramificações do cristianismo. Já a Páscoa judaica por sua vez, é comemorada no mês de nissan, que é o primeiro mês do calendário religioso hebraico e quando, segundo o Torá, se sucedeu a libertação do povo judeu. No calendário gregoriano corresponde a alguns dias dos meses de março e outros de abril, a  festividade começa na noite do dia 14 e pode se estender durante 7 ou 8 dias, nesse período é realizado o Sêder de Pessach uma importante cerimônia desse período.

Tradições do Pessach

O Sêder é uma atividade que o povo judeu realiza, para o israelenses acontece logo no primeiro noite da páscoa judaica, os judeus que vivem fora desse país também fazem essa cerimônia no segundo dia, ela consiste na preparação de pratos tradicionais, como por exemplo um pão sem fermento chamado Matsá, as comidas que levam fermentação são proibidas, o Charosset que é um doce feito com frutas, especiarias e vinho, e o Maror, que é um conjunto de ervas amargas, todas essas iguarias evocam elementos da história judaica, é dito que o primeiro rememora o relato de que por causa da pressa quando deixaram o  Egito, os judeus não esperaram o pão fermentar, o segundo alimento representa a argamassa que esse povo utilizava na construções que faziam para o Faraó e o Maror simboliza a amargura dos tempos de servidão.

Maror

Maror

Além disso, nessa cerimônia é servido 4 taças de vinho ao decorrer da noite para os participantes, simbolizando tanto o sangue derramado do povo judaico quanto os dos animais mortos em sacrifício,e é praticado a leitura do Hagadá, um livro onde é narrado a fim da escravidão dos judeus pelos egípcios, alguns cânticos e orações também estão presentes na obra e são recitados ao longo do Sêder.

A celebração pode ser vista antes como um sacrifício em honra que o povo judeu faz ao seus antepassados, porém também é uma  festividade para essa tem relembrar os árduos momentos que os antepassados deles vivenciaram e agradecer pela liberdade que Deus proporcionou.

Gostou? Curta e Compartilhe!

Categoria(s) do artigo:
Religião

Artigos Relacionados


Artigos populares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Time limit is exhausted. Please reload CAPTCHA.