Durante toda ditadura, o governo militar consentia a realização de uma oposição velada, com pouca contundência e com pouco poder de mudança, apenas para fabricar o ar de que não estávamos com intransigência política total, mas servindo de fachada para acobertar o movimento antidemocrático.
Baseado na forte presença no Congresso Nacional, a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) controlava as duas casas administrativas: O Senado e o Congresso. Mesmo como o Movimento Democrático Brasileiro – MDB, que era o fantoche de oposição da época – lançou a candidatura de Ulisses Guimarães para presidente e o intelectual Barbosa Lima Sobrinho para vice.
A Gradual Desintegração
Depois de dez anos no comando e três generais depois, as Forças Armadas estavam perdendo forças, disfarçando sob o discurso de devolução do país gradual à democracia, sob o apelido de distensão.
Esse conjunto de medidas políticas tinha como premissas a suspensão da censura prévia aos meios de comunicação e a volta gradativa de alguns mecanismo de coerção no conjunto das leis em vigor, que delimitavam as liberdades e os direitos constitucionais.
Forças Armadas Cercadas
Depois de tantas ações evasivas contra o direito das liberdades civis e públicas criou para os militares uma antipatia insustentável ao ver o regime de força que a ditadura impunha. E outro fato incomodava muito o exército: a anarquia estabelecida pelos diversos setores rebeldes das Forças Armadas, instituía um contra senso ao espírito de ordem, seriedade e voz forte que a organização imperava em suas fileiras.
Nessa situação, compreendemos perfeitamente o que os militares chamaram de abertura, ou de distensão, que ocorreu entre o final do governo de Ernesto Geisel e durante o governo de João B. Figueiredo, foi ao invés de ser uma “benevolência” dos nossos ilustres generais e sim a falta de condições de continuar batendo de frente com a falta de contentamento popular.
O fato é que as Forças Armadas estavam rachadas, de um lado o grupo do poder, que não agüentava mais o estresse de comandar e do outro, o grupo dos militares rebeldes, que queriam a continuação da ditadura, inclusive tentando golpes contra o próprio General Geisel.
A Mudança
O primeiro sinal da solidez dos novos tempos foi a expressiva votação do MDB em novembro de 1974, quando o partido conseguiu 72% dos votos válidos e aumentou sua participação na câmara de 87 para 160 deputados. Esses números deixavam claro que se, as eleição tivessem regras claras e democráticas, o MDB tomaria o poder, por isso, o governo editou em 1977, o pacote de abril, em benefício próprio.
A Sucessão
Com todo o descontentamento refletido nas eleições, abusos de poder flagrantes nos casos do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manoel fiel Filho fez com que Geisel demitisseo chefe do batalhão armado, Ednardo D´Ávila e o Ministro do exército Sylvio Frota, demonstrando seu poder ainda alto e escolhendo o general João Baptista Figueiredo, chefe do serviço de inteligência, para continuar com a democratização do país.