Roubo ao Trem Pagador

Provavelmente você já ouviu falar a respeito do roubo ao trem pagador, um dos crimes mais audaciosos da história. Sem disparar um único tiro um grupo de ladrões assaltou um trem que levava depósitos bancários da Escócia para Londres. Os bandidos embolsaram nada menos do que 2.631.784 libras esterlinas (o equivalente a mais de 9,2 milhões de reais atualmente).

O assalto aconteceu no dia 08 de agosto de 1963 no condado inglês de Buckinghamshire. Uma coisa curiosa a respeito desse assalto é mesmo tendo sido muito audacioso apenas 5 dos 16 membros da quadrilha conseguiram escapar da polícia. Os assaltantes capturados foram para a prisão incluindo Ronald Biggs que se tornou uma celebridade quando se refugiou no Brasil.

Assalto ao Trem Pagador – Um Crime Quase Perfeito

A história do roubo ao trem pagador é digna de um bom livro de ação, porém, se fosse uma obra de ficção provavelmente os ladrões não teriam cometido tantos deslizes estragando o crime que poderia ter sido perfeito. O crime começou a ser executado pouco depois da meia-noite do dia 08 de agosto de 1963 quando a quadrilha recebeu a confirmação do seu informante de que o trem estava a caminho com uma exorbitante quantia em dinheiro.

Método

O esconderijo da quadrilha era a fazenda Leatherslade que está localizada a cerca de 40 quilômetros do local em que se deu o roubo. Os ladrões se dividiram em dois carros Land Rovers e um caminhão que havia sido roubado do exército. O grande truque da quadrilha foi mexer no sinaleiro do trem.

A alteração fez com que o sinal vermelho fosse aceso de forma que o trem parou. O grupo ainda cortou a linha do telefone de emergência que fica próxima ao segundo sinaleiro. Depois de tomar essas precauções o grupo de posicionou para a ação.

Para avisar aos demais membros da quadrilha da chegada do trem e sua iminente parada o líder do grupo se mantém num local elevado. Através de rádios portáteis (walkie-talkie) ele avisa aos demais ladrões.

O Roubo

Foi em torno das 3h30 da madrugada que o trem caiu na armadilha do sinaleiro vermelho e parou. Os ladrões então entraram na locomotiva e renderam o maquinista dando-lhe uma paulada na cabeça. O passo seguinte da quadrilha foi render os funcionários do correio que estavam no vagão com os malotes de dinheiro.

Um dos ladrões destravou o encaixe de um vagão para que a locomotiva e três vagões fossem separados do resto do comboio. O maquinista foi obrigado a levar o trem para a ponte Bridego em que mais bandidos esperavam para pegar o dinheiro e colocar em seu veículos.

Para terminar o assalto o grupo faz um tipo de corrente humana para transferir o dinheiro do vagão com os malotes para os seus veículos próprios. Depois das 4 da manhã o grupo já tinha terminado de carregar 120 sacos de dinheiro. Os bandidos levaram o dinheiro para o seu esconderijo.

Os Erros

Devido a pressão para fugir logo da polícia os bandidos deixam as suas impressões digitais por todo o trem. Esse foi um dos erros que levou boa parte da quadrilha para a prisão. Um outro erro bem amador cometido pela quadrilha foi ter ficado muito a vontade no esconderijo.

Os ladrões se divertiram no esconderijo além de beber e jogar cartas chegaram até mesmo a jogar Banco Imobiliário. A Scotland Yard encontrou uma boa variedade de impressões digitais nas peças do jogo.

A quadrilha chegou a pagar um cúmplice (e aliás pagou muito bem) para limpar o esconderijo depois que eles fossem embora, porém, esse cúmplice apenas pegou o dinheiro e foi embora deixando tudo como estava. O cúmplice nunca foi pego pela polícia. Se os ladrões tivessem menos preguiça poderiam eles mesmos ter feito a limpeza do local e evitado que mais digitais fossem encontradas pela polícia.

O Caminhão

Além das digitais o grupo de ladrões cometeu outro grande erro, o caminhão do exército roubado foi visto por um fazendeiro vizinho do esconderijo. Esse vizinho já havia achado estranho a presença constante desse caminhão e quando escutou sobre o roubo no rádio não teve dívidas e ligou para a polícia.

A Fazenda

Não bastasse todas essas pérolas de erros cometidos pela quadrilha ainda teve a compra do esconderijo que ajudou a polícia chegar ao grande chefe do esquema. O líder do grupo pediu para uma pessoa próxima a ele fazer a compra que serviria de esconderijo.

Essa pessoa além de usar o seu nome verdadeiro ainda contratou uma firma de advocacia para fazer o intermédio da compra o que tornou ainda mais fácil para a polícia chegar ao chefe da quadrilha. Um dos assaltos que mais repercutiram no mundo e que terminou mal para a quadrilha devido a falta de cuidado com os detalhes. Uma prova de que certa forma o crime realmente não compensa.

A Fuga de Ronald Biggs

O lendário Ronald Biggs fugiu da prisão após subornar guardas e passou alguns anos foragido. Em 1970 Biggs se mudou para o Rio de Janeiro onde se casou com uma brasileira com quem teve um filho, Michael Biggs. O filho de Biggs se tornou famoso por integrar a Turma do Balão Mágico uma das bandas infantis de maior sucesso da década de 1980.

O fato de Ronald ter um filho brasileiro o livrou da prisão uma vez que de acordo com a lei do Brasil um estrangeiro que tenha um filho com um brasileiro não pode ser extraditado. Por 30 anos Biggs viveu muito bem no Rio de Janeiro com o dinheiro que roubou no assalto e também com o dinheiro que conseguiu devido a sua notoriedade. Ele foi até mesmo tema de livro, um dos destaques da história é sempre como ele conseguiu fugir da polícia britânica e da Interpol.

No ano de 2001 Biggs se entregou as autoridades britânicas e foi libertado por motivos de compaixão uma vez que já estava idoso. Aos 84 anos de idade Biggs faleceu num asilo para idosos em Carlton Court, em East Barnet, no norte de Londres.

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Categoria(s) do artigo:
História

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