Você sabia que existem outros calendários sendo utilizados no mundo além desse que consideramos oficial? Para grande parte das pessoas estamos no século 21, no entanto, isso não corresponde à realidade de quem não segue o calendário gregoriano, nome dado ao nosso calendário.
O calendário gregoriano foi desenvolvido com base no ciclo solar e tem esse nome em referência ao Papa Gregório XIII responsável por sua adoção em 1582. Essa é uma versão mais assertiva do calendário juliano criado pelo imperador romano Júlio César. Na versão juliana o calendário tomava por base a rotação da Terra em torno do Sol, porém, não era tão preciso.
Para se ter uma ideia até a introdução do calendário gregoriano, os cristãos, celebravam o ano novo no dia 25 de março, data em que o anjo Gabriel apareceu para a Virgem Maria. Porém, nem todos os povos seguem esse calendário, esse é o caso dos judeus, de acordo com o calendário judaico o ano de 2020 é na verdade 5781 (o ano novo foi celebrado em setembro de 2020). Vamos entender isso um pouco melhor?
Ano de 5781 e o Calendário Judaico
Enquanto boa parte do mundo vive o ano de 2020, o povo judaico viveu o ano de 5780 e começou o ano de 5781 em setembro. Essa é mais uma das diferenças do calendário judaico, o ano novo, é celebrado em setembro, mês chamado de Tishrei. É importante mencionar que os judeus possuem quatro calendários diferentes sendo que um deles é dedicado às árvores. O mês de Tishrei se refere ao aniversário da criação do universo.
O calendário judaico é do tipo lunissolar, isso significa que se baseia nos movimentos do Sol e da Lua. Os meses são baseados nos ciclos da Lua e o ano adaptado ao ciclo solar. Esse calendário possui alternadamente 12 e 13 meses. Há mais de três milênios o povo judeu utiliza esse calendário para determinar as datas de aniversários, casamentos, festividades, falecimentos entre outros acontecimentos importantes.
Qual a Origem do Calendário Judaico?
De acordo com registros históricos os hebreus utilizavam um calendário solar, semelhante ao dos egípcios, desde o Êxodo. Esse calendário era composto por doze meses com 30 dias cada contando com cinco ou seis dicas intercalares para que o ano fosse sincronizado com as estações.
Não há evidência histórica de que os hebreus utilizassem um calendário de meses lunares antes do período de cativeiro na Babilônia. O calendário religioso usado pelos hebreus tinha início no equinócio vernal. Já o seu calendário civil – assim como o dos egípcios – tinha início no equinócio de outono. O sétimo mês do calendário civil assim como o primeiro mês do calendário religioso era Abib (ou Nissan).
Os meses desse calendário eram os seguintes:
- Nisan (início em 26 de abril)
- Iyar (início em 26 de maio)
- Sivan (início em 26 de junho)
- Thamuz (início em 26 de julho)
- Av (início em 26 de agosto)
- Elul (início em 26 de setembro)
- Tisri (início em 26 de outubro)
- Marchesvan (início em 26 de novembro)
- Casleu (início em 26 de dezembro)
- Tebeth (início em 26 de janeiro)
- Shebat (início em 26 de fevereiro)
- Adar (início em 26 de março)
- 5 dias intercalares (totalizando 365 dias)
Influência Grega
Acredita-se que os judeus adotaram o calendário lunissolar por influência do calendário grego antes de terem sido dominados por esse povo. O calendário lunissolar torna necessário adicionar um mês intercalar na primavera.
Calendário Judaico: Entendendo os Meses
Em hebraico a palavra mês (חודש) deriva do radical חדש que significa ‘novo’ isso porque o primeiro dia de cada mês é também o primeiro dia de Lua nova. Trata-se de uma condição presente na Torá, no livro de Shemot. Se pensarmos bem trata-se de uma regra lógica uma vez que a fase de Lua nova é a única que pode ser determinada com precisão e sem necessitar de grandes conhecimentos ou instrumentação de astronomia.
O auge da Lua nova é marcado pelo seu desaparecimento completo com um retorno no dia seguinte na forma de uma pequena listra branca, esse é o primeiro dia do mês judaico. Uma curiosidade é que nos tempos bíblicos eram escolhidas testemunhas para observar diretamente a Lua com a finalidade de determinar o início do mês. Inclusive esse método é mantido até os dias de hoje pelos caraítas que chamam o primeiro mês do ano de abib.
Atualmente, o cálculo realizado considera outros parâmetros religiosos acrescentados por rabinos na época do Talmud. O ciclo lunar é composto de cerca de 29 dias e meio, isso faz com que alguns meses tenham 29 e outros 30 dias. O mês hebreu apresenta duração média de aproximadamente 29.5305941358 dias, algo semelhante ao mês sinódico (estabelecido entre duas luas).
Anos no Calendário Judaico
Periodicamente o ano judaico é ajustado ao ciclo solar por determinação da Torá que prevê que o mês de nissan (o primeiro do ano) sempre deve acontecer na primavera de Israel que está situada no hemisfério norte. O equinócio da primavera deve acontecer no mês de nissan.
Ciclo de Ajustes
Para que o ajuste seja feito é necessário conhecer a diferença de dias entre um ano solar (que possui cerca de 365 dias e 6 horas) e os 12 meses lunares (cerca de 354 dias e 9 horas). O resultado da diferença é de cerca de 10 dias e 21 horas, isso significa que a cada 2 ou 3 anos é preciso adicionar um mês de 30 dias. Dessa forma existem dois tipos de anos: anos comuns e anos embolísticos.
Anos Comuns
Os chamados anos comuns são aqueles que possuem 12 meses e podem ter 353, 354 e 365 dias de acordo com a variação dos dias dos meses de cheshvan e kislev.
Anos Embolísticos
Os anos chamados de embolístcos ou longos apresentam duração de 383, 384 ou 385 dias. Dentro do ciclo de 19 anos, os anos embolísticos, ocorrem no 3º, 6º, 8º, 11º, 14º, 17º e 19º e contam com um mês a mais que recebe o nome de veadar e vem logo após o mês de adar.
Ano Atual
Para fazer o cálculo que determina o ano atual judaico basta somar 3760 ao ano corrente do calendário gregoriano considerando que o ano civil dos judeus se inicia em setembro ou outubro.
Costumes de Ano Novo
No ano novo judaico é costume mergulhar um pedaço de fruta no mel como uma forma de pedir para que seu ano seja doce. A mudança de ano é um momento de grande reflexão e penitência para os judeus. Há um ritual de ano novo chamado Tashlich em que se joga migalhas de pão na água corrente como uma forma de purificar os seus pecados.
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