A História Do Sindicalismo No Brasil

Devido ao desenvolvimento lento da indústria brasileira, que aconteceu apenas depois do século 20 estar pela sua metade, as jornadas de trabalho nas indústrias eram de 14 a 16 horas e a exploração do trabalho feminino e infantil mais comuns ainda. O salário pago era extremamente baixo e reduções de salário eram frequentes, como forma de punição e castigo. Infelizmente, nessa época todo eram explorados, sem qualquer tipo de exceção. A primeira manifestação de greve no Brasil ocorreu em 1858 e foi feita pelos tipógrafos, em retaliação aos abusos e desmandos patronais.

As Primeiras Organizações Políticas

Nesse cenário de abuso de poder a indústria brasileira começou a se desenvolver no final do século dezenove, mas algo importante começou a acontecer em contraposição a isso. Os imigrantes, grande força de trabalho da época, estavam chegando da Europa, e estavam bem familiarizados com métodos de luta contra essas práticas e assim desenvolveram as bases do anarquismo, o movimento que lutava no oposto do movimento operário brasileiro.

As Primeiras Organizações Políticas

As Primeiras Organizações Políticas

Os anarquistas não estavam sozinhos nessa luta. Existiam já naquela época outros movimentos políticos de menor expressão, como os socialistas, que em 1890 fundaram o primeiro partido da classe operária no país. São eles os responsáveis pela adoção do primeiro de maio como comemoração ao Dia Internacional do Trabalho.

A Primeira Instituição Operária Do País

No começo do século vinte já fervilhavam em todo o país grupos associados com interesse classista, e em 1906 muitos desses grupos se reuniram no Rio de Janeiro para o 1º Congresso Operário Brasileiro, onde associações, sindicatos e federações, principalmente do eixo Rio São Paulo, se encontraram. Nascia, a partir dali, a Confederação Operária Brasileira, que foi a primeira entidade de causa operária presente no Brasil.

Os patrões e o governo não gostaram nada da iniciativa dos operários e, logo  no ano seguinte, mais de cem sindicalistas foram expulsos do país, acusados de perturbação da ordem e dos meios de produção.

As Greves e As Crises

A crise econômica disparada pela 1ª Guerra mundial causou uma brusca queda do salário dos operários que, revoltados com essa situação, não pensaram duas vezes em iniciar uma sequência de greves, que durou cerca de três anos, entre 1917 e 1920.

Os movimentos grevistas desta época foram muito fortes e ganharam destaque no país, como, por exemplo, a greve de 1917, que parou a cidade de São Paulo e que contou com a adesão de 45 mil pessoas. Nesse episódio, 7 mil milicianos do exército ocuparam as ruas de São Paulo e a Marinha enviou dois navios de guerra para o porto de Santos.

Outros fatos notórios foram as mortes que aconteceram em pleno andamento das greves, como a morte do sapateiro Antonio Martinez, em um choque com a polícia em 1917 e de Constantino Castellani, líder grevista que foi assassinado em 1919 por estar discursando em frente a uma fábrica.

A Revolução De 1930

Getúlio Vargas promoveu uma verdadeira revolução e consolidação de um país mais soberano, que atuasse diretamente nas relações sociais. Com isso, Getúlio matava dois coelhos em uma tacada só: acalmava o ímpeto dos ideais classistas e abraçava para si o relacionamento entre o proletário, adotando medidas protecionistas às classes trabalhadoras.

A Revolução De 1930

A Revolução De 1930

Com essas medidas, o país deixou de ser subsistente apenas à agricultura e passou a ser um estado industrial, onde a classe trabalhadora tinha muita importância. Com as medidas que Vargas adotou, ele criou uma relação política entre o capital e o dinheiro.

O jogo de Getúlio Vargas era muito claro, ele queria controlar os dois lados da conversa, pois, criou os sindicatos oficiais de classe, e promoveu o fortalecimento dos diretos do trabalhador com a criação do Ministério do Trabalho e do emprego e promulgou a Consolidação das Leis do Trabalho.

Os Pelegos

Todas essas agitações promovidas por Getúlio Vargas criaram os chamados pelegos, que é a manta que reveste a sela de um cavalo, em alusão aos sindicalistas que absorviam os choques entre o patrão e os seus cavalos, no caso, a grande massa trabalhadora.

Apesar de todo o amortecimento que os pelegos promoviam, muitos sindicatos combativos faziam a sua própria luta, e com essa luta fizeram importantes conquistas, como a Lei das Férias, a regulamentação do trabalho do menor de idade, a jornada de oito horas diárias e o descanso semanal remunerado, por exemplo.

O Crescimento Da Massa

As massas mobilizadas em torno do idal sindical não paravam de crescer. Milhares de pessoas estavam envolvidas nestes tipos de movimentos e em 1934 surge um dos maiores movimentos operários: a Alinça Nacional Libertadora, sob a liderança de Luís Carlos Prestes.

Durante a década de 50, o contingente de trabalhadores não parou de crescer. Já são mais de um milhão e meio de pessoas, e as greves não param mais de acontecer, o que torna necessária a intervenção do Governo em cima dessas greves. Sob o Governo de Dutra, o governo intervém em mais de 400 sindicatos. Quatro anos depois, 200 sindicatos sofrem intervenção direta do Governo. Em 1953, uma greve mobiliza cerca de trezentas mil pessoas, contando com os setores têxtil, gráfico e metalúrgico. São 800 greves registradas no país.

Não era só na indústria que o trabalhador estava se organizando. Em 1955, surge a primeira Liga Camponesa, entidade responsável em cuidar do direitos do trabalhador. Já existia também a União dos trabalhadores Agrícolas, e pouco a pouco surgiriam os primeiros Sindicatos Rurais.

A Repressão

Tudo isso virou um círculo vicioso e em 1964 acontece a ação de maior impacto contra a classe trabalhadora no país: o golpe militar de 1964. A intervenção e devassa na vida de mais de dois mil sindicatos em todo o país significaram a cassação, a prisão, o exílio e até a morte em alguns casos para as diretorias desses sindicatos.

Como medida final, o governo lançou a Lei Anti-greve, que acabava com a estabilidade no emprego de grevista, assim como o arrocho de salários e passou a se utilizar da força bruta e calou toda e qualquer expressão que não fosse favorável ao governo.

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Categoria(s) do artigo:
História

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