A vingança é um artifício muito conhecido entre nós, e é ainda mais debatido em produções noveleiras, filmes, séries, enfim. Ela consiste em um “troco” dado de uma pessoa a alguém que a tenha feito mal. Por exemplo, uma mulher que foi traída pelo marido com uma amiga. Algumas novelas usam esse fato para que a traída se vingue tanto do marido quanto da amiga, com os mais variados castigos.
Entretanto, na vida real, há casos bastante intrigantes de vinganças que foram levados ao extremo. E um deles nós vamos conhecer agora. Nesse artigo, iremos mostrar a você um exemplo de vingança que, além de bem executada, você irá se surpreender com a mente insana por trás de tudo isso. Vamos lá?
Caso Famoso De Vingança: Olga De Kiev
Princesa Olga De Kiev
Nossa história começa com uma pequena introdução sobre a Princesa Olga de Kiev. Nascida aproximadamente no ano 890, Olga de Kiev casou-se com Igor de Kiev, muito jovem, em 903. Igor de Kiev era nada mais nada menos que um monarca da época da Rússia Kievana.
Princesa Olga De Kiev
Na época príncipes, Igor se tornou rei no ano de 941, juntamente com sua esposa, que se transformou em rainha. Mas o reinado de Igor de Kiev seria muito breve. Durou apenas de 941 até 945, ano que o rei foi assassinado pelos drevilians, que argumentaram um abuso por parte do rei quando se tratava de coleta de impostos, dizendo que já era a segunda vez em um mês que o rei fazia a recolha. Kiev foi morto justamente quando fazia tais cobranças.
E é aí que a história da vingança se inicia…
A Vingança De Olga
Depois da morte de Igor, e saber do envolvimento dos drevilians na morte de seu marido, de inicio, Olga nada fez. Mas já articulava a sua vingança, minuciosamente. Ela teve o começo quando, depois de passado algum tempo do falecimento de Igor, alguns dos próprios drevilians, acreditando que a rainha era uma moça ingênua, e com interesses no reinado, foram até o reino para oferecer a Olga um casamento.
Os drevilians estavam redondamente enganados. Olga de Kiev não era ingênua, mas sim, muito esperta. Quando os primeiros candidatos chegaram para conseguir o casamento com a rainha, Olga já sabia perfeitamente o que eles queriam; que não era o casamento em si, mas os interesses que seriam realizados após o matrimônio.
Com isso em mente, Olga, da maneira mais simpática e comportada possível, recebeu os “interesseiros” e, como um ato de honestidade (não leve ao pé da letra o significado ‘honestidade’ nessa parte) delicadamente sugeriu que os visitantes entrassem em uma pequena embarcação para chegar com mais conforto até a entrada de seu castelo. Os drevilians, sem desconfiar de nada, aceitaram.
Mas, os planos da rainha eram totalmente maléficos e cruéis. Ao embarcarem e se aproximarem do palácio, a rainha ordenou que o barco fosse jogado em uma enorme trincheira, com todos os ocupantes dentro. E, para que ficasse completa, mandou que enterrasse o barco. Ou seja, os ocupantes foram enterrados totalmente vivos.
Se você acha que a vingança parou por aí, você está redondamente enganado, assim como os drevilians. Naquela época, mais precisamente, no século X, como se sabe, não existia nenhum meio de comunicação eficaz e veloz como um telefone, celular, internet, enfim. E, portanto, a notícia que os drevilians que foram atrás da rainha e não retornaram não chegou a tempo de avisar mais alguns que queriam, a todo custo, se casar com Olga.
E esses desavisados tiveram um destino cruel igualmente o seus conterrâneos. Mas de um modo diferente, pois a princesa vingativa, pelo que parece, não gostava de vinganças repetidas.
A segunda leva de drevilians interesseiros que apareceram solicitando o casório fez com que Olga mudasse o jeito de agir. Em vez de manda-los para a trincheira, fez o seguinte: Ordenou que todos os drevilians que chegassem ao palácio, que fossem mandados para a casa de banho. Talvez, para um inocente banho. Que nada. Assim que os inimigos entravam na casa, ela era imediatamente trancada, a fim de que eles não pudessem fugir. Mas fugir de que, especificamente? Do incêndio que Olga mandava atear no prédio da casa de banho.
E a Vingança Continuou…
Olga ainda não havia se sentindo vingada. Ela se dirigiu até a cidade dos drevilians com a singela desculpa de que apenas queria realizar o funeral digno ao seu marido, assassinado por eles. Sem desconfiar de nada, os drevilians aceitaram, e a princesa aproveitou o funeral para oferecer aos drevilians bebidas, que os deixaram, obviamente, bêbados. Assim, Olga seguiu com sua vingança. Mandou matar todos. Conclusão: estima-se que mais de 5 mil homens foram mortos naquele dia a mando da rainha.
E não acabou não. Para, enfim, acabar com a vingança (E que vingança, hein?), a rainha passou a rodar o império e cobrar os tributos. Quem se recusasse a pagar poderia ter sérias consequências. E foi isso que aconteceu.
Uma cidade, que parecia ser destemida, se negou a pagar os tributos exigidos por Olga. Ela, por sua vez, disse que, se cada um deles a dessem um pombo, estariam isentos da cobrança. Pensando ser uma bondade, os habitantes da cidade o fizeram. Mas Olga não estava para brincadeiras. Mandou colocar brasas em chamas nas patas dos pombos e os retornaram para a cidade. A cidade incendiou-se, e os que ainda tentaram escapar do fogaréu tiveram dois destinos: Ou eram mortos, ou pagavam as suas dívidas.
E, assim, Olga é conhecida por ser uma das pessoas mais vingativas de todos os tempos. Depois de tudo isso, ela organizou o sistema de tributos de todo o reino, além de propagar o cristianismo, sendo a Igreja uma autoridade naqueles tempos.
Acredite ou não, Olga foi canonizada, por suas contribuições para que a Igreja pudesse chegar com maior influência em seu reino. O seu dia litúrgico é o dia 26 de maio.
Conhecemos, nesse artigo, um pouco mais sobre Olga de Kiev, uma rainha que, ao ver seu marido assassinado, não mediu esforços para a sua vingança.
Por Francisco Prado
