Integrante do poderoso Grupo dos Sete, Conselho de Segurança da ONU, a França é um país com uma história efervescente e que está no centro do sistema geopolítico. Nos últimos tempos seu poderio bélico vem sendo ofuscado por um declínio econômico acentuado. O que não se pode negar é que essa ainda é uma das nações com mais história e registro de sua história do país. Que tal saber mais sobre o contexto histórico da França?
O Início da História da França
A história desse importante país tem início em meados do século 9 a.C. quando tribos célticas chegaram ao território da Gália. Entre os anos de 58 a.C. e 51 a.C., o imperador romano Júlio César, derrota os gauleses que vivem na região e os romanos mantém o seu domínio da Gália até o final do século 5. Nesse ponto da história o território é invadido por tribos de bárbaros.
Ao final do século 5 é a vez dos francos, comandados por Clóvis I, dominarem o território do país que é então convertido ao catolicismo. Carlos Magno se torna o imperador do Sacro Império Romano Germânico (composto pela França e pela Alemanha) no século 9. Após o governo de Carlos Magno o império é dividido em domínios feudais.
Período do Absolutismo
Guerra dos Cem Anos
A Inglaterra e a França protagonizaram a Guerra dos Cem Anos entre 1337 e 1453. Os franceses conseguem derrotar os ingleses em Orleans no ano de 1429 devido a liderança inspiradora de Joana D’Arc. A líder francesa é queimada como herege em Rouen no ano de 1431. Vitoriosa da guerra, a França, amealha para si algumas possessões inglesas.
Massacre de São Bartolomeu e Edito de Nantes
Um fato marcante da história francesa se deu em 1572 quando a então rainha Catarina de Medicis dá a ordem para que os huguenotes (protestantes) sejam assassinados, essa passagem recebeu o nome de Massacre de São Bartolomeu. A paz religiosa é reestabelecida em 1598 pelo rei Henrique IV, que foi o fundador da dinastia Bourbon, e que com o Edito de Nantes enfraqueceu o alcance do poder dos senhores feudais.
Consolidação do Absolutismo
O cardeal Richelieu, que ocupa o cargo de primeiro-ministro do rei Luís XIII, corrobora para o aumento do prestígio da França entre os anos de 1624 e 1642. O absolutismo se torna mais consolidado e isso faz com que a França decida declarar guerra contra a dinastia austríaca dos Habsburgo.
O auge do absolutismo se dá no reinado de Luís XIV entre os anos de 1661 e 1715 que recebeu a alcunha de “Rei Sol”. Nesse período foram empreendidas diversas guerras visando expansão de território de forma que a França acabou tendo a sua supremacia reduzida no velho continente.
Iluminismo
No reinado de Luís XV, entre 1715 e 1774, foram desenvolvidas as ideias do Iluminismo por Rousseau, Diderot e Voltaire. Deu-se início ao combate do absolutismo e da intolerância religiosa.
Revolução Francesa
Em 1789 tem início a Revolução Francesa, processo resultante de uma conjunção de fatores como a forte crise econômica e a falta de capacidade de gestão de Luís XVI. A Assembleia Nacional formada pela revolução vota para a criação da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão que tem como principal foco acabar com os privilégios feudais.
Estando em revolução a França passa a entrar em guerra com outras monarquias da Europa. No entanto, ainda é uma situação ambígua devido ao fato de que ainda se tem um rei, mas a monarquia é constitucional. A solução foi a criação da primeira república em 1792. Quando o monarca Luís XVI e a rainha Maria Antonieta tenta fugir acabam condenados a forca, sua execução se dá em 1793.
Dissidências Dentre os Revolucionários
A revolução comandada por Maximilien de Robespierre e os jacobinos impõem um período de verdadeiro terror na França. Inicialmente os ataques são contra as camadas sociais contrárias a revolução, mas depois acaba se virando para jacobinos dissidentes. O ano de 1794, Robespierre, é deposto e posteriormente guilhotinado.
Napoleão Bonaparte
No ano de 1799, o general Napoleão Bonaparte, aplica um golpe para tomar o poder. Em 1804 ele promove sua própria coroação como imperador da França sob o título de Napoleão I. As principais marcas do governo de Napoleão são o autoritarismo, a centralização do poder e a busca por expansão territorial.
A aristocracia passa por momento de pânico diante das infindáveis guerras napoleônicas que somete tem fim com a derrota para as tropas inglesas e austríacas na Batalha de Waterloo que se deu em 1815. A dinastia dos Bourbon é então reestabelecida entre os anos de 1815 e 1830. No entanto, uma revolução popular depõe Carlos X, o último Bourbon, e ascende ao trono Luís Felipe I, um Orleans.
Movimento Operário
Uma nova revolução acontece em 1848, dessa vez a base está no movimento operário que dá origem a 2ª República. O presidente eleito é Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão. A república não dura muito, o presidente aplica um golpe de estado e se dá o título imperador Napoleão III. Aos poucos o regime imperial vai se tornando mais liberal e isso faz com que a revolução industrial se torne mais acelerada na França.
Guerra Franco-Prussiana
Sob a influência das provocações de Bismarck, chanceler da Prússia, Napoleão III, decide que a França vai entrar na Guerra Franco-Prussiana de 1870. O país é derrotado e perde o território de Alsácia-Lorena para a Prússia. Esse é o estopim para a queda de Napoleão III e a 3ª República é então instalada. O novo regime contém a Comuna de Paris, no ano de 1871, insurreição operária que tem como base ideias socialistas.
França na Primeira Guerra Mundial
Embora a França tenha ficado ao lado das nações vitoriosas da Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918) enfrenta sérios problemas econômicos. Um consolo para a nação é a recuperação do território da Alsácia-Lorena. Em 1929 o país sofre duramente com a crise econômica mundial. Como uma resposta para essas incertezas se estabelece uma coalização entre comunistas e socialistas que entre os anos de 1936 e 1938 introduzem alguns direitos trabalhistas no país.
França na Segunda Guerra Mundial
Setembro de 1939 ficou marcado na história francesa pela declaração de guerra contra a Alemanha, após Hitler ter ordenado a invasão da Polônia. No ano seguinte, 1940, tropas alemãs invadem o território francês. A consequência disso é a divisão do território em duas regiões: uma que está ocupada pelos alemães e outra que está sob o governo de colaboração do marechal Philippe Pétain.
O general Charles de Gaulle, em Londres, declara resistência ao avanço nazista. As tropas aliadas desembarcam na Normandia em junho de 1944 e assim se tem início a libertação do país. O general De Gaulle é eleito presidente da França no ano de 1945, no entanto, renuncia em 1946 porque não tem sua proposta de governo forte aceita pela Assembleia Nacional.
4ª República
O período da 4ª República vai do ano de 1945 a 1958 e tem como principal função reconstruir a economia da nação. No entanto, enfrenta grande dificuldade devido aos conflitos coloniais e a falta de estabilidade do cenário político. Em 1954 o país foi derrotado na Indochina e ainda tem dificuldades de sufocar as ações da guerrilha argelina.
Sob pressão dos militares, a Assembleia Nacional, dá para De Gaulle mais poderes em 1958 para que ele possa trabalhar na elaboração de uma nova Constituição. A partir daí nasce a 5ª República.
Tendo sido eleito presidente, De Gaulle, consegue negociar o processo de independência argelina mesmo batendo de frente com a oposição de direita promovida pelo exército. No ano de 1962 finalmente a Argélia se torna independente.
Afastamento dos Estados Unidos
No ano de 1966, no governo de De Gaulle, a França sai do comando da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que nada mais é do que uma aliança militar criada pelo Ocidente. O governo é abalado em 1968 por revolta de estudantes e então o presidente renuncia.
O sucessor do governo é Georges Pompidou que falece em 1974 em decorrência de um câncer. Em seguida assume Valèry Giscard D’Estaing (1974-1981) que dá início a uma política de modernização da economia francesa.
Governo Socialista
Pela primeira vez, em 1981, um presidente socialista vence a eleição francesa, estamos falando de François Mitterrand derrota Giscard. Inicialmente o primeiro-ministro Pierre Mauroy atua alinhado com os comunistas utilizando medidas que são reconhecidas como de esquerda. Contudo, em 1984 o presidente muda de direção e o primeiro-ministro é substituído por Laurent Fabius.
O ano de 1986 cria uma experiência interessante, pois os conservadores vencem as eleições legislativas e isso faz com que se tenha a necessidade de coabitação entre o primeiro-ministro e o gaullista Jacquis Chirac. No ano de 1988, Mitterrand, é reeleito como presidente para cumprir mais sete anos. Nessa segunda experiência ele enfrenta uma séria instabilidade política tendo três primeiros-ministros: Michel Rocard, Edith Cresson e Pierre Bérégovoy. O desemprego chega a marca de 10%.
Tratado de Maastricht
Em 1992 é realizado um plebiscito que aprova com uma margem estreita de 50,9% a 49% o Tratado de Maastricht que tem como objetivo a unificação da Europa. No ano seguinte, 1993, a esquerda tem seu desempenho mais fraco nas urnas com apenas 15,4% dos votos. O primeiro-ministro conservador Edouard Balladur dá início ao segundo período de coabitação com o presidente Mitterrand.
Algumas medidas de ajuste da economia que precisam ser tomadas pela França para aderir a União Europeia acarretam na greve da Air France em 1993 que se estendem até as eleições de 1995.
O Presidente Chirac
Mitterrand é substituído por Chirac que vence as eleições presidenciais de 1995. O primeiro-ministro indicado pelo novo presidente é Alain Juppé. Nesse mesmo ano atentados a bomba realizados em lugares públicos são atribuídos ao Grupo Islâmico Armado argelino e isso faz com que se aumente o controle da polícia.
No entanto, os atentados continuam inclusive com uma bomba detonada próximo ao Arco do Triunfo no mês de agosto. Em setembro é a vez de um carro-bomba explodir perto de uma escola. Antes de completar seis meses de atentados já há um número de 121 feridos e 7 mortos. Na festa de comemoração dos 206 anos da Revolução Francesa houve um intenso protesto contra a decisão do presidente Chirac de retomar testes nucleares.
Em 2007 foi eleito presidente Nicolas Sarkozy, em 2012 foi a vez de François Hollande e em 2017 o vitorioso das urnas foi Emmanuel Macron.