O Fóssil Luzia
O fóssil Luzia é definitivamente um dos mais famosos fósseis de todo o mundo e com certeza o mais famoso do Brasil, além da sua fama, podemos dizer que ele é extremamente importante para a ciência e para a história da humanidade, ele foi capaz de mudar muitos estudos e muitos rumos das pesquisas que envolvem essas áreas, o fóssil Luzia veio para revolucionar o que antes conhecíamos como os povos ancestrais americanos e muitas novas teorias, mudanças e conhecimentos também foram trazidos junto a isso. Na verdade Luzia que estamos falando aqui se trata de um crânio de uma mulher ancestral que viveu a milhares de anos atrás, Luzia era mantida no Museu Nacional do Rio de Janeiro, que infelizmente sofreu com um incêndio em anos mais recentes, um incêndio terrível onde boa parte do seu acervo e do seus pertences foram perdidos, o crânio de Luzia teve uma parte recuperada, mas não em sua absoluta integridade, uma perda não somente para o museu, como também para o Brasil e para todo o mundo, tudo em decorrência do descaso dos políticos e governantes que desviam milhões e que destinam mínimas verbas as instituições de ciência e conservação do nossos país.
Fósseis
O crânio de Luzia foi encontrado durante a década de 70 do último século por cientistas franceses, que faziam uma expedição arqueológica na região onde o crânio de Luzia estava, essa região fica no estado de Minas Gerais, mais especificamente na cidade de Pedro Leopoldo. A arqueóloga que estava encarregada dos estudos e do grupo era Annette Laming Emperaire. Após o seu encontro, foram realizados muitos estudos no fóssil, estudos altamente tecnológicos e precisos (principalmente quando levamos em conta que se trata de um material muito antigo), que confirmaram que se tratava de um crânio de uma mulher e o mais importante é que foi definido um período no tempo o qual ela teria vivido, por volta de 11 mil anos atrás a até 13 mil anos atrás (entenda que quando se trata de um fóssil muito antigo, é bem difícil determinar uma data exata da sua vivencia, mas se determina um período de tempo mais provável de ter acontecido), o que definitivamente faz de Luzia uma das mulheres mais ancestrais do mundo, não somente do Brasil e das Américas. Foi a partir dessa descoberta que muita coisa ficou clara no mundo científico, como por exemplo, o fato de que os habitantes sul americanos de 11 mil anos atrás não eram exatamente como se esperava deles, isso fez inclusive com que as teorias das primeiras migrações para América fossem reformuladas e reestudas.
Teorias
Uma das grandes mudanças e diferenças das teorias que aconteceram a partir do encontro de Luzia, foi que os primeiros habitantes da América seriam muito mais parecidos e próximos em questões genéticas e morfológicas, dos primeiros habitantes do continente africano e do continente da Oceania, ao contrário dos indígenas mais atuais, os que vivem nas Américas atualmente e também aqueles que viviam aqui quando a América foi “descoberta”, esse ponto de ruptura quebrou a cabeça dos cientistas que tinham muitas teorias já prontas e consolidadas em relação as ocupações americanas ancestrais, tudo isso foi revisto e reformulado, no entanto, apesar da teoria ter sido proposta na década de 80 do século passado, por um cientista da USP (Universidade de São Paulo), o bio antropólogo Walter Neves, ainda nos dias de hoje acontecem muitos debates e questionamentos em relação as novas teorias levantadas com base na estrutura craniana e outras informações que obtemos a partir do encontro de Luzia. É possível afirmar que Luzia virou um novo parâmetro de estudo da ocupação de todo o nosso continente, para toda a comunidade cientifica mundial.
Outras Informações Consideráveis e Importantes Sobre Luzia e a Sua Descoberta no Século XX
O seu nome oficial não é Luzia, apesar de quase ninguém saber disso, até porque o seu pseudônimo Luzia viralizou totalmente em nosso país e no mundo todo, o seu nome oficial e cientifico é Lapa Vermelha IV hominídeo 1, sim tudo isso. Quando falamos Lapa Vermelha estamos nos referindo ao nome do sitio arqueológico de estudo onde Luzia foi encontrada, apesar de o nome da cidade ser Pedro Leopoldo, como já citado acima, lembrando que esse município está por volta de 50 quilômetros da capital do estado que é Belo Horizonte. Existe uma teoria ainda mais atual do que a que foi apresentada por Walter Neves na década de 80, essa teoria foi formulada por diversos cientistas e pesquisadores em conjunto e teve uma boa parte de sua pesquisa e resoluções feita na Universidade de Harvard, uma das faculdades americanas mais prestigiadas e reconhecidas em todo o mundo. A nova teoria meio que refuta a última, porém mantém algumas coisas da teoria origem, vamos explicar tudo isso um pouco melhor logo abaixo.
O que acontece é que Walter Neves desenvolveu as teorias de Luzia com base nas medidas físicas e morfológicas do seu crânio, na qual ela se assemelhava muito mais com os povos mais ancestrais africanos e os nativos da Oceania, do que com os povos asiáticos em geral, os novos estudos que levaram em consideração a análise de amostras de DNA, entre outros pontos mais avançados, consideraram sim que a constituição genética de Luzia se assemelha aos nativos asiáticos, que seriam mais próximo em genética e em traços físicos dos nativos e indígenas americanos, no entanto, o fato é que Luzia apresenta as suas próprias diferenças em relação aos dois povos e dependendo da área da ciência e das evidencias que você considerar, pode ser que você defenda um lado ou o outro, existe ainda também um debate sobre Luzia ser uma mistura de alguns povos ancestrais do passado, sendo assim ela não seria 100% uma coisa ou outra, esse caso é o que é mais aceito, por exemplo, no caso dos nativos da Oceania, australianos, etc, porém ainda existe muito caminho e estudo ainda pela frente, existe ainda muita discussão a ser feita.
Podemos afirmar que não seria nada mal, que os cientistas, que os arqueólogos principalmente, encontrassem mais fosseis e evidencias dos nossos ancestrais mais antigos, que tivessem idades que se equivalessem a de Luzia, dessa forma uma ou outra teoria ganharia força e sairia mais estabelecida na comunidade internacional, pois se baseando em apenas um fóssil, existem muitas variáveis que não se está considerando que poderiam intervir especificamente em relação a Luzia e quem ela foi, da onde vem e quem são os seus ancestrais, quando se estuda apenas um indivíduo isolado é mais complicado de entender se ele é exceção ou a regra, lembrando que existem outros muitos fosseis encontrados no mesmo sítio que ela, mas eles datam de no mínimo 4 mil anos depois de Luzia, isso é muito tempo e dessa forma não podem ser consideramos uma mesma leva, apesar da sua também muito grande importância e relevância para o mundo cientifico e suas descobertas.
