Mito das Três Raças

Hoje em dia é bem difícil que exista alguma sociedade ou grupo social em que não haja nenhuma mistura de etnias. O Brasil é um grande exemplo de miscigenação em que a mistura de várias etnias resultou no povo deste país.  Podemos dizer que praticamente todas as sociedades contemporâneas resultaram de um intenso processo de mistura de suas populações.

A intensidade em que essa miscigenação ocorreu foi o que variou de um lugar para outro. Para que seja mais fácil de entender a miscigenação consiste no casamento ou coabitação de um homem e uma mulher de etnias diferentes. Basicamente essa mistura acontece em uniões de brancos e negros, negros e amarelos e amarelos e brancos. Essa definição da humanidade em indivíduos brancos, negros e amarelos é o que se entende por mito das três raças.

Senso Comum

Quando falamos sobre uma divisão de indivíduos em raças estamos nos referindo ao que o senso comum nos ensinou a ver. Nesse chamado senso comum existem três raças que seriam negros, brancos e amarelos. A forma de fazer essa divisão é observar um traço que seja particular a um indivíduo que tem uma determinada cor de pele.

Contudo, é essencial que fique claro que do ponto de visto biológico não existem essas “raças”. No Brasil o conceito do “Mito das Três Raças”, criado pelo antropólogo Darcy Ribeiro, é bastante utilizado pelo senso comum. A ideia é que a sociedade brasileira pode ser dividida culturalmente em três linhas de influências que são determinadas por três etnias que são a europeia, africana e indígena.

Discordância em Três Pontos

Anulação da Violência dos Europeus

O conceito das três raças de Darcy Ribeiro é bastante criticado pelo fato de que se entende que existe uma redução da dominação violenta imposta pelos europeus. Nessa conceituação haveria um equilíbrio de forças entre as três raças o que na verdade houve já que os europeus subjugaram tanto os índios como os negros.

Os críticos apontam que esse mito explica a influência da colonização do país de uma forma simplista e retira dos ombros dos europeus toda a prática violenta que engendraram nesse processo. A alcunha de “mito” foi dada pelos críticos de Ribeiro que entendem que essa teoria não passa disso.

Termo Raça

O uso do termo raça é um dos principais motivos de discussão nesse campo uma vez que não podemos classificar brancos, negros e amarelos como raças diferentes. Durante os séculos XVII e XX o termo raça foi livremente utilizado nos estudos antropológicos.

Essa palavra era usada para designar diferentes grupos de humanos, porém, desde que foram criados os primeiros métodos genéticos de estudo dos seres humanos o termo deixou de ser usado com frequência. Hoje em dia os críticos desse conceito ainda dizem que essa ideia de raça nem mesmo existe, ou seja, não existem raças.

Três Culturas em Desequilíbrio

Por fim o que os críticos de Ribeiro apontam como falho em sua conceituação diz respeito a não existência de três culturas em equilíbrio como essa tríade proposta por ele sugere. Existe uma grande problemática em se falar na existência de três culturas no Brasil, pois não se pode ter a falsa visão de que a cultura indígena e africana constituem a mesma coisa em termos de costumes e crenças.

Registros do Mito das Três Raças

Diversas obras literárias reforçam a ideia desse mito das três raças dentre os quais podemos citar “O Guarani” de José de Alencar (brancos e índios) e “Casa Grande e Senzala” de Gilberto Freyre (negros e brancos) em que é delineada essa relação entre os povos que formaram o Brasil. Outro registro pertinente em relação a esse conceito é do próprio Darcy Ribeiro e consiste no documentário “O Povo Brasileiro”.

Preconceito

Mesmo entre aqueles que aceitam e defendem a teoria das três raças admitem que ainda existem no país restrições de convivência entre as pessoas desses diferentes grupos. Mesmo que haja uma grande miscigenação entre índios, brancos e negros os povos ainda vivem bastante separados socialmente e persistem barreiras criadas pelo preconceito.

Brasil – O País da Mistura

O Brasil é um dos países que melhor exemplificam a palavra miscigenação e talvez por isso o antropólogo Darcy Ribeiro tenha proposto o mito das três raças para explicar a formação do estado brasileiro, porém, realmente não se pode omitir a história por trás dessa mistura de povos.

Antes de Pedro Álvares Cabral ver terra à vista em 1.500 eram os índios que viviam aqui e a terra deles embora não houvessem tratados assinados sobre isso. Logo que chegaram aqui os portugueses descobriram que seria difícil estabelecer um contato e uma relação de aproveitamento em relação aos indígenas que já tinham o seu estilo de vida bem definido.

Para ajudar a desbravar e construir a colônia dos sonhos os europeus foram atrás da mão-de-obra escrava dos africanos. Muitas pessoas foram arrancadas de sua terra a força para serem trazidas para solo brasileiro para trabalhar de sol a sol sendo subjugadas e ofendidas constantemente. Esse cenário não é exatamente tão romântico quanto sugere o conceito de que somos o resultado de uma equilibrada mistura.

Um Povo, Sem Raças

O que falta atualmente é compreender que não existem raças do ponto de vista biológico assim como não devem existir raças do ponto de vista sociológico como se estabelece. A divisão que ainda se mantém entre brancos, índios e negros impede que realmente haja o estabelecimento de um povo brasileiro completo e orgulhoso de suas origens.

As pessoas precisam compreender que na verdade não existem raças e sim povos que fazem parte de um povo que constitui uma nação. O mito das três raças é falho porque desmerece e esquece a violência usada pelos europeus colonizadores sobre os primeiros habitantes dessa terra, os índios, e os negros que foram arrancados de suas casas para serem escravos.

Além disso, ainda precisamos caminhar muito historicamente para considerar que realmente existe uma miscigenação de culturas. Um assunto de extrema importância que precisa ser muito debatido no mundo todo para que se deixe de lado essa alcunha de raça, pois a única raça nesse caso é a humana que é uma só.

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