A Copa de 2022
O Brasil recebeu a Copa do Mundo da FIFA 2014 e mesmo sendo conhecido no mundo todo por seu povo festeiro e pacífico não se calou diante de tanta corrupção para a construção dos estádios. Parece que não é só a nação verde-amarela que te problemas sociais com a realização do mundial, o Qatar (sede da competição em 2022) se tornou o centro das atenções do mundo devido as suas condições de trabalho desumanas.
Tudo começou com a denúncia feita pelo jornal inglês The Guardian a respeito do uso de trabalho escravo na construção dos belos estádios que serão utilizados em 2022 na terra dos sheiks. De acordo com a publicação inglesa a construção dos estádios está a cargo de trabalhadores nepaleses que trabalham de sol a sol por um valor irrisório e ainda precisam encarar as condições deploráveis dos alojamentos. No momento de produção da matéria já haviam morrido 40 trabalhadores.
O Verão do Qatar
Quando anunciaram o Qatar como uma sede de Copa do Mundo as pessoas pareceram se dar conta de no mínimo tem algo de estranho aí. Nesse país o verão pode chegar a temperaturas de 50°C e se nos perguntamos como os jogadores das prestigiadas seleções enfrentarão essas condições também devemos atentar para a vida dos trabalhadores que estão levantando os estádios.
Nessas temperaturas altíssimas é muito difícil aguentar um dia de trabalho e devido a isso muitos deles já morreram de ataque cardíaco súbito. Os trabalhadores em sua grande maioria são nepaleses que estão, sem exagero, presos no Qatar uma vez que seus documentos não estão em seu poder não permitindo que eles deixem o país.
Trabalho Escravo
Em geral associamos trabalho escravo a grilhões em fazendas, mas assim como tudo as condições de escravidão também se modernizaram com o passar do tempo. O jornal inglês que fez a denúncia acusou o Qatar de tratar de forma desumana e escrava seus trabalhadores estrangeiros.
Os trabalhadores do Nepal que estão no Qatar foram para o país em busca de melhores condições de vida, em busca de melhores salários e uma vida digna para as suas famílias. Porém, muitos desses trabalhadores procuraram a embaixada de seu país para relatar o atraso de meses de seus salários e ainda da retenção de seus passaportes pelos seus empregadores o que os impede de ir embora quando desejarem.
Falta de Água e Alimentos
Ainda houve depoimentos de trabalhadores que descreveram a falta de água potável para eles enquanto trabalhavam no deserto bem como a recusa de alimentos. Dentre os relatos o que mais chama a atenção é a queixa recorrente de que os trabalhadores passam 24h sem comida. Eles trabalham 12 horas por dia consecutivamente e não recebem comida, quando recebem alimentos é uma quantidade irrisória. Se alguém reclama é expulso do alojamento e precisa procurar por trabalhos ilegais, pois não pode deixar o Qatar.
Ação dos Sindicatos
Desde que as condições análogas a escravidão no Qatar vieram a tona muitos sindicatos internacionais tem se manifestado e apresentado relatórios para a FIFA sobre as medidas necessárias para melhorar as condições de vida dos trabalhadores bem como a crueldade a que essas pessoas estão submetidas. O mundo virou seus olhos para injustiças sociais num dos países que mais tem crescido em termos de turismo.
Por Que os Trabalhadores se Sujeitam?
Existem no Qatar mais de um milhão de trabalhadores oriundos de países como Sri Lanka, Nepal e Bangladesh que enfrentam duras condições de trabalho no calor do deserto. Essas pessoas vão para o Qatar e busca de melhores condições de vida visto que o país árabe, sede de uma Copa, representa o futuro da região.
Destacado como um país que é árabe, mas que tem muito a oferecer a ocidente, o Qatar, se tornou um dos primeiros destinos na lista de países exóticos. Com isso e com o fato de sediar uma copa, a primeira num país árabe, obviamente o Qatar está em alta e oferece muitos empregos.
Mas, não se engane esse regime escravocrata e impiedoso já faz parte da rotina de crescimento do país muito antes da chegada da FIFA, a diferença é que agora as pessoas estão olhando para o problema. Grande parte dos trabalhadores chega ao Qatar fugindo da fome seu país, mas o que encontra pela frente é uma condição sub-humana de sobrevivência e de trabalho.
Não Vai Ter Copa?
A frase que se tornou hashtag no Brasil (#nãovaitercopa) parece ter se virado para o rico país do Qatar. Além das denúncias, gravíssimas, de trabalho escravo para a construção dos estádios, o Qatar, precisa se defender de acusações de corrupção junto a FIFA para garantir o mundial nas terras do deserto.
A poderosa FIFA se viu encurralada devido a diversas denúncias contra o Qatar, mas num primeiro momento decidiu apenas se dedicar a discutir a situação dos trabalhadores. Foi realizado um encontro entre os dirigentes da FIFA e representantes do país árabe em que a primeira cobrou do Qatar atitudes que melhorem a vida dessas pessoas que estão trabalhando para construir os estádios.
De acordo com a FIFA será enviada ainda em 2014 uma comissão do órgão que visa especialmente investigar como estão as condições de trabalho dos operários. Essa repentina ação da FIFA se deve em muito a cobrança que tem sido bastante intensa de vários sindicatos de trabalhadores do mundo todo.
A Acusação de Corrupção
A Copa de 2022 no Qatar tem sido um dos assuntos mais comentados em todo o mundo também por outro motivo. Houveram acusações de que a escolha do país árabe foi feita com uma ajudinha de dinheiro dos ricos empresários, ou seja, de forma corrupta. Sobre isso a FIFA se limitou a dizer que será realizada uma investigação pelo Comitê de Ética que é independente da entidade para averiguar a veracidade desse fato.
Acredita-se que votos a favor do Qatar foram comprados dentro do comitê que faz a escolha dos países-sede da competição. Existem boatos de que a Copa de 2022 pode ser transferida de sede, mas se trata de algo bem difícil de acontecer.