Religiões Afro-Brasileiras: Umbanda, Candomblé e Rastafári

No ápice da época escravocrata do Brasil, os escravos africanos não tiveram escolhe senão celebrar os seus rituais de maneira disfarçada. Os diferentes grupos étnicos utilizam símbolos da religião católica para celebrar os rituais aos seus deuses no intuito de não sofrerem castigos promovidos pelos representantes do cristianismo. Interessante notar que em algumas religiões da atualidade, caso da umbanda, o costume prevalece, ou seja, São Jorge é Ogum, enquanto que Xangô poder ser representado por diversos símbolos do panteão católico: São João Batista, São Jerônimo, Santo Antônio São José e até mesmo Moisés.

O Que São Religiões Afro-Brasileiras?

São todos os tipos de crenças espirituais que tiveram origem em terras africanas e que chegaram ao Brasil na época da colonização, trazido por africanos atuantes na condição de escravos em terras nacionais. As religiões que surgiram na modernidade inspiradas nas doutrinas oriundas da Mãe África, senhora de todas as gerações de seres-humanos.

O batuque (religião que cultua orixás) representa referência presente em praticamente todas as religiões afro-brasileiras. A história aponta que os primeiros registros são oriundos do Rio Grande do Sul, na metade do século XIX, ou seja, perto da abolição dos escravos. Por outro lado, o candomblé chegou ao país nos primórdios do século XVII.

Não se pode deixar de notar que mesmo sendo religião de origem africana, o Candomblé é praticado mais do Brasil do que em qualquer outro local do mundo, mesmo na África, cuja maioria da população é praticante do “voodoo” e de ideias islâmicas, este último em decorrência da ascensão de Maomé em Meca.

Candomblé e Umbanda

Na escravidão, após as fugas os afrodescendentes se reuniam em florestas, nos intitulados quilombos, sendo o administrado pelo escravo Palmares o maior e mais famoso dentro dos milhares que existiam no auge da época. Após a Lei Áurea, os africanos encontraram duas opções: trabalhar em troca de miséria para o cultivo da terra ou seguirem reunidos em comunidades, que começaram a serem chamadas de candomblé. Até a metade do século XX, o termo era designado para definir qualquer tipo de festa africana.  Em termos gerais, o estereótipo era baseado no instrumento uruguaio que tem o mesmo nome e foi trazido aos países por escravos vindos da África.

Interessante notar que apesar de terem a mesma base, ao contrário do que muitos pensam, candomblé representa modalidade religiosa diferente da umbanda, atuando às vezes até mesmo com certa margem de antagonismo. Cada religião possui nomes e conceitos próprios para definir a vida dos participantes dos cultos. Vale ressaltar que ao contrário do Candomblé, Umbanda e Quimbanda, não possuem ritual de passagem e adotam um espaço mais democrático para qualquer indivíduo participante dos encontros.

A doutrina afro-brasileira que possui maior semelhança com o espiritismo está na umbanda branca. Tem este nome em consequência dos feitiços direcionados apenas para trazer benefícios. Não existe nenhuma ligação com o candomblé principalmente por este objetivo, cuja prática pode ser direcionada tanto para o bem como ao mal.

Neste sentindo, o candomblé jamais pode ser confundido com o espiritismo, ao passo que a umbanda tem relação mais direta com ideia espírita, mesmo tendo também como base a figura dos Orixás. O candomblé está relacionado com ideias de iniciação animistas, cuja crença está relacionada de maneira íntima com a sobrevivência da vida após óbito e nos espíritos ancestrais.

De acordo com informações colhidas no CENARAB (Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira) diz que somente na Baixa Fluminense há quase quatro mil terreiros, ganhando inclusive da cidade de Salvador com dois mil. Números impressionantes, principalmente quando levado em conta que o munícipio do Rio de Janeiro tem maior número do que a capital da Bahia, considerada cidade mais emblemática em todo o mundo quando o assunto é candomblé.

Iniciação no Candomblé

No candomblé, o processo de iniciação se torna obrigatório entre todos os envolvidos, sendo que é um dos mais demorados entre todas as religiões do mundo. Necessário passar por diversos rituais por cerca de sete anos. Em algumas passagens, o procedimento pode durar até trinta dias consecutivos. Outra peculiaridade do candomblé é que cada pessoa possui processo de iniciação individual, variando em níveis consideráveis.

As etapas podem ser árduas com longos trajetos de caminhadas descalças para mercados, santuários e terreiros, nos quais os neófitos passam por longas jornadas de preces, danças, aprendizagem de línguas sagradas e preces. Assim como acontece em grande parte das religiões que demandam iniciações, os indivíduos morrem de maneira simbólica para retornarem abençoados pelos representantes espirituais.

Ironia do Destino!

Escravos precisavam utilizar os santos cristianistas para disfarçar a fé. Interessante notar que na grande parte da história contada no Antigo e Novo Testamento, o povo de Israel entrou em confronto diversas vezes contra as religiões africanas por causa de supressão dos direitos religiosos proporcionados pelos dois lados, sem contar a luta pela conquista da Terra Santa.

Os romanos adaptaram parte da história e fundaram a igreja católica contando a história segundo ótica cristianistas em detrimento das razões africanas. Na escravidão, os escravos tiveram que fingir celebração aos santos católicos que há séculos estavam em guerras conflitosas contra as suas etnias religiosas.

Crítica Rastafári!

O Êxodo proporcionado por Moisés talvez seja o maior exemplo de batalhas entre judeus e africanos. Outro ponto da história que não pode ser negado está no domínio de quatro séculos e meio da Babilônia em Israel, evento que culminou no sequestro de diversos líderes judeus refugiados, entre eles o profeta Ezequiel, que teve diversas visualizações durante o tempo no cativeiro.

A história vale a pena ser contada por causa dos rastafáris, cujo líder principal, Bob Marley, possui diversas músicas que celebram a vitória dos babilônicos que encontraram a sua ascensão em alguns séculos antes de Cristo. Ou seja, mesmo na modernidade, religiões com origem na África, como o rastafári, criticavam a igreja católica de maneira implícita. Por não ser explícito, Bob Marley se tornou mito não somente do reggae como também da sua religião, principalmente após ter escolhido a morte ao invés de tratar do câncer em seu pé em consequência dos ideais religiosos.

Escrito por Renato Duarte Plantier

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Categoria(s) do artigo:
Religião

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