É Isso Mesmo
Um grande jornal noticiou que a italiana Ferreti, fabricante de iates de luxo, está investindo no Brasil, face nossos quilômetros de costa marítima e clima propício durante o ano todo e ao aumento de milionários por aqui. São pessoas com capacidade para adquirirem um barco, com valores que variam de US$ 429 mil a mais de US$ 110 milhões.
Que Bela Notícia
Achei a notícia maravilhosa, por imaginar o “poder de fogo” de parte de nossa população, que para comprar o iate mais barato, US$ 429 mil, gastará o valor que milhões de brasileiros nem saberão dimensioná-lo. Se eu acho errado um felizardo poder comprar um barco suntuoso para, na verdade, fazer festas? Claro que não, acho maravilhoso. Se essa pequena fortuna foi amealhada de uma forma digna, o indivíduo tem mais é que aproveitar. Penso que é digno desfrutar da volúpia proporcionada pelos bens materiais. Se seu processo de enricar foi pelo caminho correto, sem fraudar processos de compra e venda, tanto na esfera pública quanto na esfera privada, sem recolher dinheiro da merenda pública escolar, sem superfaturar medicamentos para os hospitais públicos, sem ganhar um “tufo” de dinheiro pavimentando estradas com material inferior ao licitado, se não foi explorando uma rede de prostituição infantil, sem elevar em nível exponencial e ilegal seu patrimônio, que mal tem?
Iates de Luxo
O Julgamento Infundado
Somos aptos a “prender” um indivíduo sem julgamento. Ouvimos uma notícia e já formamos opinião sobre a vida de uma pessoa. Não sabemos cuidar de nossa própria vida e temos convicção de podermos cuidar das questões alheias. Para quem gosta de cuidar de várias vidas, por que então não compra um gato? Então, seria possível cuidar de oito vidas, veja que maravilha! Viver a vida alheia, com preocupações do tipo se o sujeito pode ou não comprar algo que eu não posso, não me agrega riqueza nenhuma, só irá certamente me gerar insatisfação, dor e provavelmente uma gastrite. Não vale mais a pena eu procurar fazer algo para melhorar meu padrão de vida?
Mercado Brasileiro de Iates
Talvez, fazendo diferente, para obter resultados diferentes, muitas pessoas poderiam tentar uma nova vida, em vez de ficar “babando” no iate do novo milionário brasileiro. Nosso julgamento antecipado de como o vizinho vive não resolve nada, e, pode até ser que ele não viva tão bem quanto aparenta. Tem um ditado que diz “que você a pinga que tomo, mas não vê os tombos que levo”. Imaginamos uma vida boa e de paz para uma pessoa, quando é vista bem vestida e pilotando um belo carro, mas, não temos elementos suficientes para saber se toda beleza aparente está lastreada por paz de espírito. Melhor do que ficar se lamentando por não ter, é procurar fazer algo para “virar o quadro”.
Autor: Dirceu Pereira Mendonça
