Gente: o que significa par perfeito? Particularmente acho esse “bordão” meio complicado. Afinal, as pessoas só são “perfeitas” para nós até certo momento. Com exceção de nossos pais, irmãos e filhos (risos), ninguém é perfeito. Nada mais sábio.
O que pode haver é um encontro entre duas pessoas que têm coisas em comum, que pensam de maneira parecida, que gostam de frequentar os mesmos lugares, que têm empatia uma pela outra. Mas daí a dizer que é “perfeito”, acho um pouco demais. Tudo bem que não é para ser levado “a ferro e fogo”, mas é que o que as pessoas esperam: que o seu par seja “perfeito”. E aí começam os problemas.
Pessoas: para quê querer algo ou alguém perfeito? Para se decepcionar depois? Só se for. Afinal, há alguma coisa perfeita sobre a face da Terra? Tive um amigo que dizia: “eu sempre espero menos da Vida e das pessoas, pois se vier algo melhor, só tenho que ficar feliz; porque, caso venha o que eu estava esperando, pelo menos não vou me decepcionar”. Na época eu achei uma visão meio pessimista, meio down , mas hoje entendo perfeitamente. Ops! Olha o paradoxo! Mas não seria melhor se fôssemos assim: esperando menos?
O perfeito é aquilo que nos faz felizes…enquanto nos faz felizes. Depois disso, é só comodismo ou “zona de conforto”, como falam os terapeutas. O “perfeito” sempre deixa de ser perfeito em algum momento. Está certo que o ser humano quer sempre e sempre mais, mas se esperássemos menos, teríamos mais…é a lei do Universo.
Os empregos não são perfeitos, nossos pares não são perfeitos e pior: nós não somos perfeitos. Defeito é o que mais temos, então, por que exigir o perfeito da Vida? Para ter contrapeso na balança? Pode ser. Mas a decepção é tão pior, não é? Porque você vai ao limite da fantasia sobre o outro, idealiza-o, coloca-o “num pedestal” e…a roda-gigante da Vida desce, né gente? Se ficasse sempre lá em cima, estava bom demais, mas todo mundo sabe que é mais ou menos assim mesmo: um dia em cima, outro embaixo.
Buscar o ideal faz parte da nossa natureza, mas na busca pelo “par perfeito” deveríamos ser mais racionais, e nada emocionais. Olhar as coisas como elas são e não como gostaríamos que fossem. Olhar a pessoa por inteiro, com defeitos e qualidades, com suas alegrias e tristezas, com seu passado e com seu presente e, talvez, com o futuro (?). Sem expectativas, sem sonhos impossíveis, sem você. Se der certo, ótimo…maravilhoso; mas se não der, você pelo menos não foi ao topo do castelo, entende? Afinal, descer de lá sozinho pode ser dolorido, cansativo, frustrante.
Quando conhecemos uma pessoa deveríamos apenas pensar: eu dou conta? Com tudo que estou enxergando nela agora? Se a resposta for ‘sim’, vá em frente. Agora, se for ‘não’, vá em frente também, ainda que para uma nova busca, porque a diferença entre uma existência “perfeita” (risos) e uma medíocre, está na nossa coragem e capacidade de pronunciar essas palavras na hora certa, porque só elas têm o poder de modificar.
(POR CARLA LOPES, EM 23/08/11)