A Traição
O que é trair em uma sociedade em que o imediatismo prevalece? Nessa ânsia pelo imediato como vamos assumir compromisso com algo? Sim, porque trair envolve compromisso com algo ou com alguém. Quantas vezes nos sentimos traindo algo que acreditávamos e que, com o passar dos anos, deixamos de acreditar.
Até Quando Perdoar uma Traição Vale a Pena?
Muitos dirão que estamos traindo, que estamos sendo incoerentes, mas, na realidade, não devemos esquecer que todos nós somos mutáveis, por natureza. Enfim, estamos em um longo processo de aprendizado. Sim, e quando a traição envolve relacionamentos? Em um primeiro momento, prejulgamos a situação se compadecendo daquela que foi traída e “descendo o sarrafo” no traidor. No entanto, muitas vezes a situação não é simples assim. A traição é um “termômetro” de uma relação.
É quase consensual que a traição em um relacionamento a dois é, quase sempre, o resultado de uma somatória de fatores. Muitas vezes, começa lá trás, quando as pessoas se conheceram. É muito comum quando conhecemos alguém de criarmos expectativas em relação ao outro. Quantos não “dão procuração” para o outro ou a outra nos fazer feliz? Quantos não cobram compromisso de uma relação que está apenas iniciando em que mal as pessoas se conhecem? Para essas, o que ocorre quando casam?
Com o passar do tempo, a pessoa pode corresponder aquelas expectativas iniciais e, em alguns casos, até suplantá-la, mas, na grande maioria, pode frustrar e aí, a pessoa se sente traída. Às vezes, pessoa fica tão frustrada que tenta encontrar em outra pessoa aquilo que ela tentou encontrar e acaba traindo também. Por isso, é preciso desde o início de qualquer relacionamento ser bem “pé no chão” em relação às expectativas e evitar muitas cobranças.
Há outras situações em a traição se desenha de outra forma. O casal simplesmente se acomoda. São aqueles que são “engolidos” pelos compromissos cotidianos e acabam se largando, certamente se não houver um amor verdadeiro, daí para a traição será um pequeno passo.
O que estou querendo dizer com isso? Que cada caso é um caso. A traição não ocorre por obra do acaso. Mas aí vem segunda etapa: como perdoar um deslize desse porte? Quem tem mais estrutura para perdoar? O homem ou a mulher?
Uma Decisão Nada Simples
Casamento
Eis aí uma decisão difícil. Tanto é difícil que muitos casos de traição acabam em morte. Talvez o caso mais conhecido de algo do gênero seja do escritor Euclides da Cunha, que que ao descobrir que sua mulher, Ana Sólon da Cunha, o traía com seu melhor amigo, o cadete Dilermando de Assis, ao tentar resolver a situação, foi morto a tiros por Dilermando. Tempos depois Dilermando, mataria o filho de Euclides da Cunha e, em seguida, trairia Ana de Assis com outra mulher.
O que é perdoar? É o ato de esquecer, de passar uma borracha no que já foi, no passado, mas diria mais, é preciso, nesse processo, ponderar se a relação está valendo a pena. É preciso fazer algo que é muito difícil: extirpar toda mágoa, todo ressentimento do coração. Como fazer isso? Será que perdoar não abrirá um perigoso precedente para outras traições? Como reestabelecer uma credibilidade perdida?
Muitos dizem que perdoar a traição é equivalente a colar os cacos de um vaso que já se quebrou. Ele até pode ficar bom, mas, certamente, não será como era antes de quebrar. Nesse processo, certamente, a mulher ainda assimila com mais facilidade. Muitas, infelizmente, porque ainda dependem financeiramente de seu parceiro, outras, até bem resolvidas financeiramente, o fazem simplesmente porque tem medo de ficar sozinhas, outras por causa dos filhos.
E os homens? Certamente, ainda têm muita dificuldades de digerir, mesmo porque o machismo ainda é muito grande. Isso foi muito forte quando o homem era o principal provedor da casa e, com o tempo, a mulher foi passando a dividir as despesas e assumindo o papel de provedora. A partir daí, o homem, se sentindo inferiorizado, buscava na traição mostrar que é poderoso em algum segmento de sua vida.
É muito importante entender que se a alternativa for perdoar, ele deve ser íntegro, ou seja, não adianta perdoar agora para daqui um tempo, na primeira discussão mais áspera, jogar na cara do outro tudo o que tinha sido perdoado, pois isso gerará um desgaste insuportável. Há muitos casos em que após um perdão de uma traição, a relação, que antes estava morna, ganha um novo vigor e até melhora. Isso somente é possível quando as experiências ruins são assimiladas como um aprendizado.
Como Evitar
Pessoas
Como se percebe, cada caso é um caso, mas tomando certas medidas simples, é possível evitar que isso ocorra. É preciso muito diálogo em que deve prevalecer a sinceridade. É preciso valer a pena um estar com o outro, é preciso ter prazer e sempre ter bem claro que estamos nos relacionando com um ser humano e não com um salvador detentor da fórmula da felicidade.
É preciso, portanto, ter muito “pés no chão” e ter muito claro que nós somos os responsáveis diretos pela nossas vidas, ninguém responde pela nossa vida a não ser nós mesmos e é claro, namorar muito. Muitos dizem por aí que quando estamos com estômago cheio, não vamos assaltar a comida do vizinho, e na relação é bem isso, quando estamos satisfeitos, não iremos para buscar nos satisfazer em outras vizinhanças.
