As ilhas do Japão são mais distantes do continente asiático do que a Inglaterra é distante da Europa, o que deu um pouco mais de proteção contra invasões do que os Bretões tiveram durante o tempo de dissolução do Império Romano. E não tão oprimidos por invasores, a religião japonesa não precisou de mártires. Nem tampouco de conversões, missões e cruzadas. Os japoneses eram animistas, vendo a mesma magia e variedade de espíritos na natureza que outros povos com doutrinas também baseadas no animismo. Acreditavam também que as súplicas aos deuses os protegiam e à sua comunidade.
Rainha Jingo e Ojin

Rainha Jingo e Ojin
Assim como outros povos, os Japoneses tinham diversas lendas sobre seus primeiros líderes. Eles acreditavam que o primeiro deles era Jimmu, que supostamente reinou entre 660 e 582 a.C. e seria um descendente da deusa sol. Outras lendas contam também de uma regente no século três, chamada rainha Jingo que era descendente direta de Jimmu e a deusa sol. A rainha Jingo e seu filho Ojin enviaram uma expedição militar à Coréia e diz a lenda que ventos divinos e peixes fantásticos guiaram a armada através do mar sem sequer precisar de remos.
Próximos a costa coreana uma gigantesca haveria levado as tropas japonesas diretamente para o interior do reino de Silla, cujo povo aterrorizado se rendeu imediatamente e prometeu pagar tributos à rainha Jingo até que o sol nascesse no oeste, os rios fluíssem ao contrário e as pedras virassem estrelas. Seu filho Ojin se tornaria um deus da guerra e dos guerreiros, venerado por longo tempo.
Shinto e divindades

Técnicas
Buscavam mensagens em técnicas de adivinhação que também foram usadas pelos chineses, como o estudo das rachaduras em ossos expostos ao calor. Seus rituais eventualmente foram reunidos na prática Shinto, que significa “Caminho da Vida” ou “Caminhos dos Deuses”. Assim como os deuses de outros povos, os deuses japoneses representavam forças da natureza: deuses das montanhas e vales, campos e córregos, fogo e água, vento e chuva, enchentes e terremotos, tudo o que fosse belo e assustador na natureza.
E aquilo que para eles continha um poder divino superior, os Japoneses chamavam kami. Também eram deificados aqueles que morreram depois de feitos de contribuição excepcional à sociedade. Todas as famílias tinham seu ancestral que havia se tornado divindade, sendo cada indivíduo descendente de tal. Acreditava-se que todo japonês era descendente da Deusa Sol, embora os plebeus fossem descendentes mais distantes do que a aristocracia.
Lenda da criação

Cultura
Os japoneses antes da escrita contavam com recitadores profissionais, responsáveis pela preservação da cultura oral, passando histórias de geração em geração. Entre estas histórias estava o mito japonês da criação. De acordo com esta lenda, matéria e espírito não eram separados e distinto no início dos tempos, a terra e os céus eram unidos em uma massa caótica. Só então os mais puros e limpos elementos se elevaram formando os céus e os mais pesados e sujos se massificaram na terra.
Nos céus se originaram os deuses e na terra a humanidade. Quando uma das divindades foi banida dos céus e tornou-se o deus dos oceanos teve início o relacionamento e laços entre humanidade e deuses. Este deus casou-se com a filha de um fazendeiro e da união nasceu Ninigi, com vários deuses passando a visitá-los. Ninigi erigiu palácios e ao decidir casar-se foi contra a tradição, apaixonado pela filha mais jovem de um senhor de terras.
A filha mais velha que teria por direito o casamento sentiu-se ultrajada e amaldiçoou-os. Esta é a lenda japonesa também para a queda da humanidade: amaldiçoados, os humanos, gerados por Ninigi e que viveriam para sempre, agora cresceriam e morreriam como as flores.