Como Surgiu o Samba?

Apesar de samba existir em todo o Brasil – especialmente nos estados de Bahia, Maranhão, Minas Gerais e São Paulo, na forma de diversos ritmos e danças populares que se originaram a partir da hegemonia regional do batuque, um tipo de música e forma de dança associada à Ilha do Cabo Verde, o gênero musical é identificado como expressão musical urbana do Rio de Janeiro, cidade na qual nasceu e se desenvolveu entre o final do século XIX e os primeiros anos do século XX.

Rio de Janeiro: Raiz do Samba

Foi no Rio que os ex-escravos migraram da Bahia. Entrou em contato e incorporou outros gêneros jogados na cidade (polca, maxixe, entre outros), adquirindo um caráter singular e criando o samba carioca urbano e carnavalesco. As escolas de samba de grande porte possuem até cinco mil pessoas, que competem de modo anual com carros alegóricos temáticos, figurinos elaborados, e música original.

Caia No Samba

Caia No Samba

Pelo Telefone: Ernesto dos Santos

Durante a primeira década do século XX, algumas músicas sob o nome de samba foram gravadas, mas as gravações não alcançaram grande popularidade. Ernesto dos Santos foi o compositor da faixa “Por Telefone”, primeiro samba original registrado na Biblioteca Nacional. Criado por coletivo de músicos que participaram de celebrações na casa de Tia Ciata.

Repressão Policial e Origens do Samba

No entanto, existiram antes pelo menos duas faixas gravadas no estilo musical: “Em Casa de Baiana” (Alfredo Carlos Brício: 1913) e “A Viola está Magoada” (Baiano: 1914). Porém, “Pelo Telefone” fez maior sucesso em se tornar música admirada no âmbito popular do Rio de Janeiro.

Não se pode ignorar que a proibição dos jogos de azar teve relação direta com a inspiração para compor a música. Porém, além dos jogadores, manifestantes populares em favor da causa dos ex-escravos sofriam repressão violenta, conforme o livro “Samba de Sambar do Estácio”.

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Samba Moderno

Os contornos do samba moderno apenas chegaram ao final da década de 1920, a partir das inovações de um grupo de compositores dos blocos carnavalescos dos bairros do Estácio de Sá, Osvaldo Cruz e dos morros da Mangueira, Salgueiro e São Carlos. Desde então surgiram grandes nomes do samba, como Ismael Silva, Cartola, Ary Barroso, Geraldo Pereira, Zé Keti, Noel Rosa, Ataulfo Alves, Wilson Batista, Nelson Cavaquinho, Elton Medeiros, Candeia, Ciro Monteiro, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Paulinho da Viola, entre outros.

Como o samba se consolidou como expressão urbana e moderna, começou a ser tocado nas rádios, espalhando-se pelas colinas e bairros para as áreas do sul afluente do Rio de Janeiro. Inicialmente visto com preconceito e discriminação, porque tinha raízes negras, o samba, por causa de seus ritmos hipnóticos e entonações melódicas, além de suas letras divertidas, conquistou a classe média branca. Surgiram subgêneros: Samba-canção, partido alto, samba-enredo, samba de gafieira, samba de breque, bossa nova, samba-rock e pagode.

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Carmem Miranda: Estereótipo do Brasil

Com frequência o samba é associado ao exterior junto com o futebol e as mulheres bonitas como pontos estereotipados das terras nacionais ao mundo. A história começou com o sucesso internacional de Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, seguido por Carmen Miranda (apoiada por Getúlio Vargas em política de Boa Vizinhança com os Estados Unidos), levando o samba à Terra do Tio Sam.

Bossa nova surgiu do samba e explodiu no mundo. O sucesso do samba na Europa e no Japão apenas confirma a capacidade de conquistar fãs, independente da língua. Nos dias atuais, existem centenas de escolas de samba em solo europeu e espalhadas entre países como Alemanha, Bélgica, Holanda, França, Suécia e Suíça.

Já no Japão, os registros demonstram alto investimento no lançamento do conjunto de discos. Em eventual criou mercado composto de modo exclusivo com catálogos de gravações dos antigos sambistas.

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Favela e Tias Baianas

A partir da segunda metade do século XIX os afrodescendentes, mestiços e antigos soldados da Guerra de Canudos vieram de várias partes do Brasil (baianos, em principal) e se estabeleceram nas proximidades do Morro da Conceição, Pedra do Sal, Praça Mauá, Saúde e Zona Portuária. Foram formadas as comunidades pobres denominadas favelas (mais tarde o termo se tornou sinônimo de prédios irregulares dos pobres).

As comunidades formam cenário de parte significativa do brasileiro à cultura negra, em especial no que diz respeito ao candomblé e maxixe do momento. Entre os primeiros destaques se destaca o dançarino Hilário Jovino Ferreira, responsável pela fundação de vários blocos de afoxé e ranchos de Tias Baianas, termo dado aos descendentes do sexo feminino de escravos baianos.

Saiba Mais

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O gênero musical nasceu nas casas de Tias Baianas (tias baianas), no início do século XX, como descendente do estilo lundu dos terreiros de candomblé e partidos entre umbigada (Samba) e pernadas de capoeira – ritmo marcado com pandeiro, berimbau e palma da mão.

Do Samba Marcado ao Chulado

Existem controvérsias sobre o termo samba-raiado, uma das primeiras nomeações para o samba. Ritmo marcado pelo som e sotaque de sertanejos. De acordo com João da Baiana, consiste no mesmo que samba de partido-alto.

Para Caninha, esta foi o primeiro som ouvido na casa da tia Dadá. Ao mesmo tempo, havia o samba-corrido, uma linha em conjunto com o sotaque baiano rural e o samba-chulado, estilo com rimas e melodia que caracteriza o estilo popular carioca.

O samba carioca urbano é a âncora do século 20 por excelência. No entanto, antes de se consolidar como “samba nacional” no Brasil, havia formas tradicionais na Bahia e em São Paulo.

O samba rural baiano adquiriu novos nomes como variações coreográficas – por exemplo, o “samba-de-chave”. A estrutura poética seguiu o caminho de refrão composto de um único verso, um solo, seguido por outro, e repetido pelo coro de dançarinos como o estribilho.

O samba-corrido não tem refrão, consiste em variante incomum. Outra peculiaridade do samba baiano era uma forma de competição de dança. Além da umbigada, a Bahia apresentou três etapas básicas: Corta-a-joca, sepa-o-visgo e apanha-o-saco.

Principais Instrumentos: Pandeiros, chocalhos, violões, castanholas e berimbaus.

Em São Paulo o samba se tornou domínio de negros e caboclos. Nas áreas rurais forneceu a tradicional umbigada. Os primeiros instrumentos do samba paulista foram violas e pandeiros.

Artigo Escrito por Renato Duarte Plantier

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Categoria(s) do artigo:
Cultura

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