Tragédia do Realengo Acende uma Luz Vermelha para a Sociedade

A Tragédia

Até bem pouco tempo atrás era comum vermos pelo noticiário da TV e na internet e ouvirmos nas rádios matérias sobre pessoas chegarem em determinados lugares que concentram grande quantidade de pessoas e, sem motivo aparente, pegam uma arma e as matam. O que aparentemente era algo que somente acontecia em outros países, infelizmente passou a ser incorporado em nossa realidade. Foi o que aconteceu em 7 de abril, quando Wellington Menezes, ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, do bairro do Realengo, do Rio de Janeiro, foi até a escola com o pretexto de dar uma palestra como ex-aluno, e ao chegar no local, atirou contra alunos em salas de aula lotadas.

Tragédia do Realengo Acende uma Luz Vermelha para a Sociedade

Tragédia do Realengo Acende uma Luz Vermelha para a Sociedade

Dos 66 tiros que disparou, matou 11 crianças, sendo 10 meninas e um menino, além de deixar 13 crianças feridas, 10 meninas e 3 meninos. Vale lembrar que todas essas crianças tinham idades que variavam dos 12 aos 14 anos. Em seguida, após ser atingido na perna, por um segurança, Wellington acabou se matando. Desde então, passado quase um mês da tragédia, o país atordoado passou a discutir o que poderia levar um ser humano a cometer um ato tão atroz.

Bullying em Discussão

Colégio

Colégio

Logo após a chacina, duas coisas chamaram a atenção de todos, que são péssima qualidade de ensino público e a falta total de segurança que se encontra as escolas, ou seja, qualquer um pode entrar e fazer o que bem entender, algo muito sério para se pensar, visto que crianças e pré-adolescentes, seres com poucas condições de se defender, encontram-se desprotegidos fisicamente, com sua vida por um fio. No entanto, o que se verificou é que esse assunto foi pouco debatido pela mídia. Outro ponto refere-se especificamente ao perfil de Wellington, que deixou uma carta e alguns vídeos em seu computador, mais tarde divulgados pela internet, em que foi possível conhecer um pouco do seu enigmático perfil psicológico.

Na carta deixada, ele se coloca como um ser puro que não queria se misturar aos impuros. Nela, ele sabia que iria morrer, por isso até recomendava que fosse enterrado junto com sua mãe adotiva. Alguns dias depois, descobriu-se que Wellington fora adotado e que sua mãe biológica era esquizofrênica e que quando estudou na escola Tasso da Silveira, era muito humilhado pelos colegas, principalmente pela meninas, e que essa humilhação, ou bullying, teria levado a cometer essa verdadeira atrocidade.

O fato de ter sido humilhado pela meninas até explica porque ele matou mais meninas do que meninos. Seria uma espécie de vingança? Soube-se depois por meio de irmãos e parentes próximos que Wellington vivia sozinho, que tinha pedido para ser demitido recentemente e que vivia isolado o dia inteiro na internet (foi nesse isolamento que adquiriu o armamento e treinou bem seu uso), ou seja, pelos vídeos na internet dá para perceber claramente que ele planejou tudo o que ia fazer.

Isso Gerou Mais Confusão?

Escola

Escola

Ele era esquizofrênico e, ao mesmo tempo, sabia o que estava fazendo? Sim, a confusão se estabelece porque normalmente um doente não tem muita consciência de seus atos, no entanto, esse não era seu caso, pois tinha em mente uma ideia do que faria. Em meio a tudo isso, discutiu-se muito também se o bullying não estaria gerando outros Wellingtons no futuro.

Acredito que podemos tirar muito aprendizado dessa tragédia. Primeiro, sobre o quanto estamos desprotegidos e frágeis, já que nas escolas não há mínima segurança e o que é pior, como é fácil de adquirir armas, hein? Em segundo lugar, realmente o bullying precisa ser colocado como uma questão de segurança também. Há muito tempo ele deixou de ser um tema menor, pois envolve uma série de valores que foram se perdendo com o tempo, que são a falta de respeito para com o próximo, a solidariedade, o crescimento do individualismo, a crescente impunidade em todos os setores.

Foi nesse solo fértil que o bullying, que na realidade não é nada novo, pois sempre existiu, se robusteceu e se fortaleceu. Com o advento da internet então, ele se amplificou ainda mais e hoje pode gerar sim, outros Wellingtons se todos não ficarem vigilantes, inclusive as escolas, que não podem mais se eximir de tomar partido dessa questão. Quando a violência adquire uma proporção desse porte, indica que a sociedade está doente.

Passado quase um mês, Wellington foi enterrado sem que nenhum parente sequer aparecesse para reconhecer seu corpo. Por isso, só não foi enterrado como indigente porque foi reconhecido quase que mundialmente, pois a notícia da tragédia atravessou o mundo. Até quando vamos ignorar que aquilo que víamos até bem pouco tempo atrás como algo distante de nossa realidade, e que, infelizmente, agora está na frente de nosso nariz e precisa ser encarado de frente? Até quando vamos ter de enterrar novos assassinos desse porte e que levam consigo diversas vidas inocentes, como quem empurra debaixo do tapete tudo aquilo que produzimos de errado e que acaba voltando contra nós mesmos? É bom parar para pensar.

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Categoria(s) do artigo:
Criminalidade

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