Uma das coisas mais intrigantes que surgiram na rotina social, quiçá na rotina humana, é a capacidade que a fotografia tem de registrar o momento exato, elusivo, sublime, por isso esta ganhou ares de arte bem mais rápido que a pintura levou para conseguir este status, o mesmo com sua popularidade no mercado.
Aquele momento onde nenhuma legenda, explicação ou roteiro se fazem necessários. Fotografias estáticas, porém, às vezes mais eloquentes que o melhor dos livros escritos por Jorge Luis Borges, Ernest Hemingway, Isaac Bashevis Singer ou um Tolstoi no melhor de sua lírica espetacular.
Quase sempre essas imagens são registradas pelo olhar treinado de fotógrafos que nasceram com certa percepção de mundo mais aguçada que os demais, o que alguns players da arte chamam de terceiro olho e que nem sempre os mais estudiosos consegue o ter. E quase sempre eles registram os momentos sem a mínima pretensão de reconhecimento, prêmio ou outras honrarias. O fazem na verdade, pelo simples sentimento de ler e interpretar a situação do outro.
Para a sorte da maioria, esses fotógrafos, cuja segunda alcunha poderia facilmente ser batizada de artista, ganham projeção mundial e com eles seus belos trabalhos. São as fotografias premiadas que correm o globo para apresentar o mundo ao mundo de uma forma artística.
Nesse sentido, por exemplo, aconteceu uma das imagens que correu por vários países em exposições e que hoje é facilmente vista na internet de uma China descontrolada financeiramente e abatida pela praga da violência urbana. No meio de uma revolta popular contra soldados armados um chinês do alto de 19 anos de idade, algemado de mão para trás foi posto em plano americano por um fotografo, cujo nome até hoje se desconhece, no momento exato do disparo a queima roupa contra sua cabeça.
Ao fundo um pedaço de uma China praticamente destruída, no primeiro plano um soldado apontando uma arma calibre 38 contra a cabeça do rebelde magrelo preso. Olhos fechados como quem sente uma grande dor ou anúncio dela, cabelos despenteados o garoto se prepara para o tiro.
Quem não conhece o enredo da narrativa da imagem chega a sentir a angústia sentida pelo garoto diante da arma por tamanha a realidade expressada na fotografia. Não seria à toa, essa é uma das fotografias premiadas mais populares que se tem notícia.
Além dessa fotografia existem outras tão expressivas quanto. Um garoto de no máximo oito anos de idade, rosto de feições amedrontadas, abotoando a camisa do que parece ser seu pai. Pai cujos braços foram amputados até a altura do cotovelo e enquanto encara o garoto como quem encara um inimigo.
Outra da lista de fotografias premiadas bem popular é da menina e o abutre, de autoria de Kevin Carter tirada no Sudão nos anos 90.