Assim como na maioria dos movimentos artísticos do Brasil, o romantismo tem origem europeia, durante dos séculos XVIII até XIX. Em terras nacionais os romancistas ainda estavam em alta no início do século XX, com autores brasileiros brilhando principalmente na literatura. De certa forma, naturalismo e nacionalismo foram duas grandes marcas do romantismo nos solos europeus e brasileiros. Conheça alguns romances históricos feitos por escritores nacionais.
Romances Históricos: A Moreninha, Lira dos 20 anos e Lucíola
• A Moreninha (1844): Joaquim Manoel de Macedo
A história diz que este foi à primeira obra do romantismo nacional, garantido assim o pioneirismo do movimento ao autor. Em toda a história do romance brasileiro, talvez nenhum autor tenha conseguido prender a atenção dos leitores na atmosfera do amor. Alguns enigmas são postos ao leitor, deixando a leitura ainda mais instigante. A trama em si acontece em uma aposta que quatro estudantes cariocas fazem uma aposta de que Augusto, um dos adolescentes, não conseguiria resistir à tentação do amor, ou seja, amar uma mulher por mais de dois dias seguidos. Neste momento, o autor capta com perfeição as noções do seu tempo, evidenciando que muitos modernos rebaixavam a tendência romântica. Um dos amigos tem uma ideia interessante para fazer o teste de fogo, Filipe convidou os três amigos para passarem um feriado prolongado na ilha da sua avó. O conto em si se passa na nobreza carioca da metade do século XIX. O acordo foi selado. A partir do feriado, se Augusto se apaixonasse por alguma mulher por mais de duas semanas teria que escrever um romance gigante relatando todos os sentimentos sentidos por causa do amor. Durantes as festas aconteceu o impensável por Augusto, que se apaixonou a primeira vista por Carolina, irmão de Felipe e neta da anfitriã. Durante todo o romance a garota percebe o afeto de Augusto e começar a lançar o famoso jogo da sedução. No final do conto, Augusto está de casamento marcado, sendo o título do livro pago na aposta intitulado como “A Moreninha”.
Vídeo: Confira algumas imagens da primeira gravação da novela “A Moreninha”, gravada entre 1975/76, com direção de Joaquim Manoel de Macedo.
• Lira dos 20 anos (1853): Álvares de Azevedo
O autor é considerado como um dos grandes romancistas poetas de toda história do Brasil. Na obra “Lira dos 20 anos”, as poesias estão escritas sobre as visões de Ariel e Caibam, signos considerados entidades místicas. De certa forma, Azevedo se inspirou na célebre peça idealizadas por Shakespeare, conhecida como a “A tempestade”. Ariel representa a bondade, enquanto Caibam traz a maldade. As características positivas proporcionadas pelo amor são representadas nos atos de Ariel. Caibam, por sua vez, fica com todos os traços negativos proporcionados pelo fogo da paixão. O jogo sintático acontece na batalha entre pensamentos divinos contra satânicos.
• Lira dos 20 anos (1853): Álvares de Azevedo
Se pode dizer que esta obra é a mais conhecida de todas as produzidas pelo poeta. Está composto em diversas poesias que formam liras sem cordas. Os conflitos estão presentes em grande parte das estrofes, o que se pode chamar de antíteses literária. Vale ressaltar que Álvares Azevedo ainda era adolescente quando escreveu a obra. Por este motivo, tinha a dificuldade considerada normal da idade em conciliar desejos carnais com sentimentos provindos do amor, situação corriqueira na última geração dos clássicos poetas brasileiros.
• Lucíola (1892): José de Alencar
José de Alencar abusa das metáforas para criticar de forma implícita o Rio de Janeiro imperial junto com as tradições dos brasileiros ligadas aos costumes europeus que chegaram junto com a colonização do Brasil. Conta o amor vivido por Paulo e Lucíola. Ele, um garoto que veio do interior do Rio de Janeiro no intuito de conhecer a Corte. Ela, uma cortesã de luxo. A Guanabara é representa nos anos de 1855. Aos poucos Paulo descobre que Lucíola na verdade se trata de uma prostituta de luxo, momento no qual perde as expectativas positivas que tinha sobre a belíssima mulher. Descobriu que na noite o seu nome não era Lúcia e sim Lucíola, a garota de programa mais conhecida do Rio de Janeiro. Depois de algum tempo os dois se reconciliaram. Lúcia largou os programas, vendeu sua casa luxuosa e foi morar com Paulo em local modesto para purificar a sua alma vivendo este amor. Em uma noite de amor, Lúcia acabou engravidando. Tinha que escolher entre o aborto ou alto risco no parte por estar com uma doença séria na qual acreditava ter por não estar com o corpo purificado.
Antes de morrer, Lúcia pediu para Paulo se casar com a sua irmã caçula, Ana. Paulo rejeitou o pedido e cuidou da menina até que ela fosse maior e se casasse com um homem rico. Paulo passou o resto da vida triste por causa da morte do seu verdadeiro amor. Considerado como romance urbano, Lucíola no momento da purificação nunca mais voltou a se prostituir, enquanto que Paulo não se importava com o seu passado e estava divinamente feliz com a vida levada com sua esposa. O amor exacerbado é valorizado no romance do José de Alencar. O preconceito também representa outro ponto crítico da obra, visto que ambos sofreram diversos tipos de preconceitos por tentarem seguir uma vida normal de casal. Por diversas vezes o protagonista se viu entre em batalhas ideológicas existenciais entre amor e preconceito. No entanto, o coração superou este imenso limite da época, sendo Paulo o grande vencedor por acreditar no sentimento de igualdade entre os verdadeiros amantes, algo jamais sentido pela Lúcia, que até o final, se sentiu indigna de ser amada.
Análise Literária de Lucíola: Vídeo
A Gazeta do Povo gravou um programa de sete minutos que explica de forma qualitativa as principais passagens do livro. Em pouco tempo é possível compreender as perspectivas do autor, sendo mais fácil de fazer a leitura posteriormente.
Análise Literária de Lucíola: Vídeo
O romantismo não fala somente do amor. De certa forma, a maioria dos movimentos literários está relacionada com amor nos temas. A característica mais marcante do romantismo está na idealização, ou seja, pessoas que ultrapassam qualquer limite pelo ideal. Justamente por causa disto que o nacionalismo esteve presente nos principais romances não somente no Brasil como em todo globo terrestre.
Artigo escrito por Renato Duarte Plantier
