A Caótica Situação da Saúde de Foz do Iguaçu

Esse texto nos foi enviado por um de nossos leitores de Foz do Iguaçu, que pediu sigilo da sua identidade para relatar a crise no sistema da cidade.

Para atendimento aos pacientes do SUS, no que diz respeito aos exames laboratoriais (tanto dos postos de saúde nos bairros, quanto para os pacientes que são atendidos pelo SAMU ou no PS, e até mesmo para aqueles internados no Hospital, em qualquer um dos seus setores de atendimento (UTI, Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Ortopedia, Pediatria, Pronto Socorro, e outros), o(a) paciente passa pela seguinte rotina.Uma vez atendido(a) pelo médico (do posto de saúde ou do plantão de atendimento), o paciente recebe, se necessário, uma requisição de exames, onde o médico solicita os exames laboratoriais necessários ao diagnóstico e tratamento dos sintomas do paciente.

Essa requisição de exames segue para o laboratório municipal juntamente com o material biológico do paciente (sangue, urina, fezes, ou outro material necessário ao exame), onde existem algumas (bem aquém do número necessário) pessoas designadas para efetuar o cadastro dos exames num sistema denominado “Esmeralda”, onde são fornecidas as informações do paciente (Nome, Data de Nascimento, Setor onde foi coletado o material, setor para onde será enviado o resultado, nome do médico que pediu o(s) exame e cada um dos exames pedidos). Esse sistema então, logo após concluído o cadastro do(s) exame(s), emite os “mapas de trabalho” de cada setor envolvido na análise do material coletado, onde serão anotados os resultados obtidos através das análises patológicas, para posterior digitação no mesmo programa a fim de que o programa emita, então, o Laudo Técnico, a ser assinado por um biomédico ou bioquímico responsável pela análise em questão.

Ocorre que já há dois anos, pelo menos, esse sistema está em colapso, não funcionando adequadamente, e neste fim de semana, desde a sexta-feira (23/07/2010) os responsáveis pelo setor de informática (e pelo programa) deixaram o laboratório sem qualquer suporte, sem o programa funcionando, o que impossibilita não apenas o cadastro dos pedidos de exames e pacientes, como também inviabiliza eventuais consultas que se façam necessárias para averiguar os resultados anteriores dos referidos pacientes. Sem falar no fato de que os laudos acabam tendo que ser feitos manualmente (redigidos de punho próprio), o que causa um enorme atraso no fornecimento dos resultados dos exames aos diversos setores do hospital…

O recente aumento na demanda de exames assumidos pela secretaria de saúde do Município, sem o devido suporte logístico e de pessoal, tem ocasionado uma má interpretação por parte dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) que ao irem buscar os resultados dos exames na data prevista para entrega, constatam que os resultados ainda não estão disponíveis, e acusam os servidores do laboratório de má vontade, quando o que acontece é que trabalhamos com um número de pessoal bem abaixo do necessário para a atual demanda, sem falar em equipamentos sem os reagentes químicos necessários para efetuar os exames, que acabam indo para laboratórios terceirizados… O que não apenas consome as verbas municipais, como também atrasa ainda mais a entrega dos resultados.

Recentemente o Município terceirizou quase todos os serviços de saúde do laboratório, de modo que agora, duas empresas de São Paulo (Global e Pró Saúde) são as responsáveis pelo atendimento no hospital (o que por si só vai de encontro à Constituição Federal, que é explícita em dizer que serviços essenciais – como a saúde, não podem ser terceirizados). Os funcionários contratados pela Global já estão com suas Carteiras de Trabalho retidas há mais de sessenta dias sem falar no fato de que não foi feita qualquer investigação por médico do trabalho para o pagamento correto da insalubridade devida aos funcionários do laboratório.

Diante das péssimas condições de trabalho a que são submetidos os funcionários do laboratório e do hospital, quando questionam as pessoas responsáveis são tidos por causadores de problemas, por maus elementos, e até mesmo “marginalizados” pelos chefes de setores. Isso sem falar nas promessas vazias de que tal situação é só momentânea, por alguns dias e que já se arrasta por anos.

Com tudo isso, somados à uma alimentação que deixa muito a desejar, (esta semana foi servida comida azeda aos funcionários do plantão noturno, desencadeando uma revolta e um abaixo-assinado pedindo providências).Será crime exigirmos condições de trabalho dignas, que nos possibilitem atender aos cidadãos de Foz da melhor forma que podemos? Será que além de não recebermos as ferramentas e meios adequados ao cumprimento de nossa função, ainda temos que passar por vilões, quando os responsáveis estão consumindo as verbas do Município ao seu bel prazer, querendo que a saúde trabalhe com restos, com cacos, com salários defasados enquanto empacotam o dinheiro e o entregam a terceiros e àqueles cujo único alvo é o lucro, mesmo que à custa da dor alheia?

Até quando isso ocorrerá? Até quando o povo de Foz será alvo de charlatães que vendem nos programas televisivos e radiofônicos uma imagem muito distante da verdade? Quando é que os próprios veículos de comunicação em massa virão até nós e estarão prontos a nos ouvir e a registrar aquilo que está lá dentro da saúde esperando para ser mostrado ao povo?

Só queremos isto!

Gostou? Curta e Compartilhe!

Categoria(s) do artigo:
Saúde

Artigos Relacionados


Artigos populares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Time limit is exhausted. Please reload CAPTCHA.