Você já deve ter ouvido muito na sua vida, a velha e famosa frase: Na natureza nada se cria, tudo se transforma. Alguns mais maldosos, especialmente no mundo da música, distorceram esta máxima e as empregam na forma de que no mundo nada se cria, tudo se copia.
Aragao
Nunca tivemos uma época na música, onde se voltou tanto ao passado para buscar inspiração na produção atual. Basta observarmos algumas bandas e artistas que estão ou que voltaram à ativa, para que possamos encontrar um grande número dos chamados “dinossauros “ da música, tocando e ainda empolgando muita gente.
Sem cairmos no mérito da qualidade, a verdade é que as facilidades que a tecnologia incorporou à produção musical, tornou as cabeças pensantes menos criativas, o que acabou resultando em muita música descartável e de indiscriminado apelo comercial, restringindo-se aos modismos e tendências passageiras.
Musica
Sejam inspirações em velhas canções e estilos , sejam em regravações, a música contemporânea está cheia de referências de música antiga, nas bandas de rock buscando influências do heavy metal do anos 70 com power trios poderosos, seja na música pop buscando velhas formas eletrônicas dos anos 80, ou até mesmo no cenário nacional, com duplas sertanejas revivendo a mesma fama que este estilo alcançou nos anos 90 , quando despontaram artistas como Chitãozinho e Xororó e Leandro e Leonardo.
A impressão que alguns críticos têm, é de que tudo o que podia ser feito na música já foi experimentado, e até que a próxima revolução musical tome forma, a busca por coisas que já deram certo e as experimentações com o antigo serão inevitáveis.
A verdade é que sempre haverá espaço para as boas músicas antigas, pois as gerações passam e as pessoas tendem a rejeitar coisas novas ou as que fujam aos padrões que lhe são comuns. Foi assim com a música punk, que chocou os roqueiros mais tradicionais que vociferavam que aquilo não era música, e que hoje já foi pasteurizado e virou até marca de chiclete.
Roberto Carlos
Não importa o rótulo, não importa o estilo, não importa a idade, pois as boas canções são eternas e têm a capacidade de parecerem sempre atuais. Quer um exemplo? Ouça uma música dos Beatles e perceba o quão contemporânea ela soa. E que tal um bom jazz improvisado de Duke Ellington? Tão experimental e urgente quanto qualquer banda de garagem de hoje.
Felizmente , a música tem esse poder de ser tão imaterial , tanto que quase chega a ser concreta. De tão datada, chega a ser tão atemporal. Talvez seja por que a música fale direto com nossa alma.
