Apesar de todos os avanços tecnológicos que a humanidade vem experimentando nas últimas décadas e que se refletem em todos os setores, notadamente no de comunicações, em que o conceito de multimídia, vai se configurando em algo cada vez mais concreto e real, o que é perene permanece, a despeito de todas essas grandes transformações. Quer algo mais perene do que o teatro? Senão vejamos. O que é, em essência, a arte teatral: a de representar. E esse ato de representar acompanha o homem desde os primórdios. Afinal, se recuarmos no tempo, observaremos que as primeiras sociedades primitivas acreditavam que a dança imitativa seria capaz de trazer poderes sobrenaturais, além de controlar os fatos necessários à sobrevivência, tais como a fertilidade da terra, casa, sucesso nas batalhas, entre outros. Isso demonstra que o ato de representar tem uma ligação direta com a prática ritualística. No entanto, com a evolução da raça humana, a arte da representação passou a estar ligada às lendas referentes aos deuses e heróis.
No entanto, foi na Grécia antiga que o Teatro adquiriu a configuração que conhecemos até hoje. Foi nesse estágio que o homem passou a utilizar a arte da representação para exteriorizar seus sentimentos de amor, dor e ódio e com essa nova visão, sugiram os quatro principais gêneros dramáticos: a tragédia, a comédia, a tragicomédia e o drama.
A tragédia, que se originou na Grécia, representa a paixão e os interesses humanos, e tem como finalidade a moralização de um povo ou de uma sociedade.
Peça Teatral
A comédia busca representar os ridículos da humanidade ou seus maus costumes. A tragicomédia fica na transição entre a comédia e o drama e, finalmente, o drama ou melodrama, mostra a dor e a tristeza combinadas com o prazer a e alegria.
A arte de representar necessita de algo mais concreto
A partir do instante em que o homem começa a criar o hábito de representar perante outras pessoas surge a necessidade criar edificações com essa finalidade. Então elas passam a ser construídas nos flancos das colinas, no entanto, os romanos já gostavam mais que fossem em terrenos planos. Até a metade do século 1 a.C, elas eram feitas em construções de madeira que eram deslocadas de um lugar para o outro. No entanto, foi no ano de 50 a.C que o teatro ganhou um espaço digno de sua grandeza. Nesse ano, por intermédio do Imperador Pompeu, foi concluído um espaço com 40 mil lugares com toda sua decoração interna sendo de mármore.
A morte do teatro e seu renascimento
Desde que tinha surgido na Grécia antiga, o teatro tinha se espalhado pelo mundo, no entanto, com o advento do cristianismo, acabou sendo extinto no ocidente, pois era considerado pagão e, em razão disso, não teve ninguém para patrocinar as peças. No entanto, por mais paradoxal que pareça, a própria igreja na era medieval acabou sendo a responsável pelo renascimento do teatro, por meio da representação da história da ressurreição de Cristo. Com essa iniciativa o teatro passou a ser veículo de divulgação de fatos relatados na Bíblia. Esse tipo de teatro, no entanto, teve pouca duração, entrando em declínio no Século 16 quando as trupes teatrais foram usadas pelos senhores nobres e reis, dando origem ao teatro elisabeteano. Nesse período, surgiram como atores, Shakespeare e Richard Burbage, que eram empregados do Lord Chamberlain . Na Espanha, surgiram os primeiros atores profissionais que tinham como empresários os autores de comédia e assim se formaram as primeiras companhias de teatro. Foi apenas a partir de Século 17 que as mulheres passaram atuar no teatro. Isso ocorreu nos teatros da Inglaterra e da França.
Abram as Cortinas
O surgimento do teatro no Brasil
Enquanto o teatro se espalhava pela Europa, como foi sua evolução no Brasil? Sua origem remonta as representações utilizadas pelo Padre José de Anchieta para catequizar os índios, apoiado pela Companhia de Jesus. Esse tipo de teatro, com grande influência do barroco europeu, durou até o século 18, quando em razão das transformações provocadas pela revolução francesa, deu condições para o melodrama. O Século 19 foi marcado pelas mudanças na estrutura dramática das peças, tanto em termos de inovações cênicas quanto em termos de infraestrutura. Entre as inovações, destacam-se o uso de elevador hidráulico e o uso da luz a gás, ao mesmo tempo, tanto os cenários quanto os figurinos buscavam reproduzir, de maneira realista, as situações históricas.
Teatro Santa Isabel
Nessa época, surgia o diretor, responsável pela união de todos os estágios que culminam em uma peça teatral. Assim, no final do século 19, o teatro passa servir para denunciar a realidade. No século 20, o teatro se diversifica, não se prendendo muito a nenhum estilo, o autor que mais marcou esse período foi Bertolt Brecht que pregava que o ator devia manter-se consciente de que estava apenas atuando e jamais deveria emprestar sua personalidade ao personagem. Para ele, o maior objetivo do ator era ficar focado na peça em si e na mensagem que ela continha.
O teatro brasileiro iria experimentar sua fase de ouro com o surgimento em 1948 do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em São Paulo. Tratava-se uma companhia responsável pela produção de teatro para a burguesia paulista. Em contraposição a isso surgiu o Teatro de Arena de São Paulo, em 1957, que tinha como objetivo fazer peças que denunciavam a desigualdade social e os desmandos. O fato é que com o golpe de 1964, a classe teatral foi muito atingida, com diversos autores e diretores sendo obrigados a partir para o exílio enquanto outros buscaram abrigo na televisão.
Como não poderia deixar de ser, mais uma vez, o teatro como espécie de gato de sete vidas, saiu ileso e continua mantendo a sua tradição, principalmente na cidade de São Paulo que oferece uma série de atrações, que vai desde a comédia mais comercial, até peças experimentais e de autores consagrados. Afinal enquanto houver um ser humano vivo, a arte de representar, que é inerente ao ser humano, ela segue sendo imortal.
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