Tudo Sobre a Umbanda

É sábado à noite e dezenas de pessoas estão reunidas em uma casa na seção da classe trabalhadora. Em um altar na frente da grande sala há imagem de Jesus – banhado em luzes de neon azul – que olha como os homens e as mulheres vestidas com uniformes brancos marcham em círculo.

Esta não é uma igreja, mas sim um “terreiro” – lugar de culto para os seguidores da fé “Umbanda”. As pessoas aqui queimam incenso e charutos, se movem com os olhos fechados e enfrenta tensão no ato de culto. Alguns estão em convulsão. Todos parecem em transe!

Eles dizem que são médiuns, trabalhando para se tornarem possuídos por espíritos que têm o poder de ajudar os vivos. As figuras espirituais – eles dizem – oferecem “consultas” sobre saúde e outros assuntos pessoais para público que veio aqui para ajudar.

Origens da Umbanda

Umbanda é religião do Brasil. As origens vieram dos cultos do candomblé africano, mas a prática acontece com maior frequência em terras nacionais do que africanas na atualidade. Africanos modernos são praticantes de voodu ou estão no campo da fé mulçumana, na maioria dos casos.

Umbanda

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Logo que chegaram ao Brasil os escravos trataram de elaborar técnicas no sentido cultural para cultuar as religiões que trouxeram da África sem os donos de terras e membros católicos perceberem o significado. Para isso, santos de ordem católica passaram a representar as figuras endeusadas dos africanos nos cultos. Por esse motivo que mesmo nos dias de hoje a imagem de São João Batista simboliza Xangô na ótica da umbanda.

Umbanda combina tradições indígenas brasileiras com aquelas que os escravos trouxeram da África, adicionando uma pitada de catolicismo e “espiritismo” – seguidores acreditam que o espírito vive quando os seres humanos morrem. Estátuas de divindades africanas ou “orixás” dividem espaço nos altares com os correspondentes santos católicos.

Número de Adeptos

O número de umbandistas no Brasil é estimado em 400 mil pessoas, uma pequena fatia no país de 200 milhões que tem a maior população católica do mundo, fruto direto das atividades dos colonizadores.

Os números poderiam ser maiores, visto que essa representa autêntica religião do Brasil. Muitos praticam de forma secreta para evitar a discriminação, ameaças e vandalismo – o preço pago para suportar aderir ao grupo que muitos brasileiros consideram o trabalho do diabo por causa da falta de conceito.

Intolerância Religiosa

O historiador de umbanda, Pedro Miranda, disse que a discriminação vem em principal de um canto diferente. “Os pentecostais pregam contra os atos religiosos que ocorrem dentro dos templos de Umbanda”, disse ele.

Umbandistas dizem que sempre foram alvos, tanto antes como depois de 1989, na assinatura da Constituição do Brasil, que protege a liberdade religiosa. Durante anos, as ameaças vieram do governo que por vezes proibiram a prática ou forçaram os seguidores a registrarem queixas com as autoridades.

Em 2008, quatro jovens evangélicos invadiram o terreiro dirigido por Edimar de Almeida. “Eles jogaram todas as imagens no chão, uma após a outra, a cruz de Jesus, São Jorge, enfim, tudo!”, disse Almeida.

Saiba Mais

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Os homens foram presos. Mas o caso chamou tanto a atenção que a polícia acabou prendendo o pastor envolvido, dizendo que ele incentivou o ataque. A acusação: Intolerância religiosa.

“Essa foi primeira vez que um pastor acabou preso por intolerância religiosa no Brasil”, disse Henrique Pessoa, do departamento de Polícia do Rio de Janeiro. “Foi um ponto de viragem, porque levou o departamento a acompanhar os novos casos.”

“Vimos um aumento na comunicação. Eles (os seguidores da umbanda) foram capazes de denunciar. Porque, por longo tempo, não pensaram que a polícia iria lidar com isso ou estavam envergonhados com a própria identidade religiosa”, disse Pessoa.

A discriminação contra os seguidores não desaparece com o passar dos anos. O historiador Pedro Miranda disse que “mesmo agora existem membros que escondem a fé dos amigos, familiares e colegas de trabalho. Mas não deveria!”. Com o estado do seu lado, esse tipo de tolerância agora tem espaço para crescer fora das paredes do templo.

Diferenças Entre Umbanda e Candomblé?

Parte do senso comum no Brasil não entende que existem diferenças significativas entre umbanda e candomblé, o que de fato atrapalha para que exista maior aceitação do ato religioso em terras nacionais.

De modo básico se pode considerar que a primeira enfatiza a magia branca praticada com objetivo de construir, curar, orientar de modo moral, entre outros aspectos medidos como positivos por grande parte da ética das sociedades. Já a segunda religião em parte caminha no roteiro contrário, ou seja, usar a magia para causar o mal, sacrificando inclusive animais e os deuses do panteão da religião.

Características Gerais

“Macumba” (também conhecido como Quimbanda) é o termo usado todos os dias por brasileiros para descrever dois tipos de adorações espíritas da África: Candomblé (seguido do norte da Bahia) e a Umbanda (a nova forma originária de Niterói, no sul do Estado do Rio de Janeiro, oficial desde o início do século XX, logo após a abolição dos escravos).

Macumba se originou dos escravos africanos enviados para o Brasil em 1550, que continuaram a adorar os seus deuses africanos chamados de Orixás. Os escravos incorporaram à religião ao catolicismo para fugir da perseguição.

Chamavam os deuses com os tambores. Proprietários de escravos brasileiros, ao contrário dos Estados Unidos, permitiam o rufar do tambor. Assim começou o ritmo dos santos, do samba, e isso explica porque a batucada brasileira é inigualável nos dias de hoje.

A história aponta que o Brasil já teve diversas religiões no século XVI. A Igreja Católica tentou converter as tribos indígenas locais a abandonar as crenças nativas. Donos de escravos proibiam a adoração, de modo que os escravizados incorporaram suas crenças nos espíritos e na magia das religiões nativas para escapar dos castigos.

As duas se fundiram. O Deus Exú virou Santo Antônio, Oba virou Joana d’Arc, entre outras dezenas de modificações. Assim, enquanto os escravos seguiram à fé católica de modo aparente, secretamente praticavam as crenças religiosas africanas até que foram libertados em 1888.

Artigo Escrito por Renato Duarte Plantier

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Curiosidades

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