Foi no ano de 1500 que os portugueses “descobriram” o Brasil e iniciaram a colonização a partir da imposição de seus poderes sobre os índios que já habitavam nossa região. No entanto, mesmo após anos de colonização, que foram acompanhadas por exploração e escravização, algumas das tribos ainda persistem e resistem a o que, por nós, é chamado de “civilização”, mas que, na verdade, seria apenas a variação contemporânea do que seria uma civilização de uma maneira geral.
Além disso, todas essas centenas de anos também foram marcadas por um intenso processo de miscigenação, o que faz com que a extrema maioria dos brasileiros apresentem muitos traços não só dos indígenas, mas também de diversas populações de imigrantes que vieram para nosso país durante todo esse tempo. Alguns estados de nosso país contam com populações indígenas que ainda vivem em tribos, mesmo após todo o processo de interação cultural, miscigenação e industrialização. Além disso é possível ter uma ideia de qual tribo está mais relacionada às suas próprias origens a partir do local em que elas se encontram, principalmente, no caso de desconhecimento de uma verdadeira origem indígena ancestral. Sendo assim, tudo está relacionado a uma questão de etnia, sendo que alguns brasileiros, na verdade, podem nunca conseguirem saber se, de fato, apresentam alguma relação com alguma tribo ou etnia indígena.
Logo, de acordo com as regiões de onde os ancestrais de nossas famílias são provenientes, pode ser feita uma relação com uma tribo indígena local, tendo a possibilidade de ocorrência de miscigenação. Na região Amazônica, mais especificamente na capital do estado do Amazonas, Manaus, há uma população indígena localizada na chamada tribo Dessana Tunaka, sendo que eles vivem na aldeia Tupé. Trata-se de uma região isolada da urbanização, uma vez que eles preservam em muito as raízes e a harmonização com a natureza, bem como a preservação ambiental. Eles se encontram em perfeitas condições para isso, uma vez que estão localizados praticamente nas margens do rio Solimões e, portanto, cercados pela floresta amazônica. Como atividades diárias, muitos artesanatos são feitos pela população local e os seus costumes são os mais tradicionais possíveis, como o idioma, por exemplo, que é o Tukano, muito praticado, principalmente pelos mais velhos da tribo.
No litoral do estado de São Paulo, entre as cidades de Bertioga e São Sebastião, há a aldeia do Rio Silveira, que conta com cerca de quinhentas pessoas vivendo em aproximadamente cento e vinte famílias. Eles também são bastante tradicionais e ainda vivem em casas do tipo pau-a-pique, além de o idioma ensinado na escola infantil que se encontra na aldeia ser o guarani, que é o único idioma que as pessoas aprendem até os sete anos de idade. Isso porque uma das principais funções que eles acreditam que é de extrema necessidade em suas vidas é a preservação de sua cultura em uma versão bastante autêntica, passando as informações culturais de pais para filhos, sucessivamente, de modo a fortalecer e preservar cada vez mais a sua cultura.
Já no estado da Bahia, a cerca de seis quilômetros de Caraíva, há a Tribo Pataxó, cuja aldeia se chama Barra Velha e que se situa dentro do Parque Nacional do Monte Pascoal. Essa tribo contém uma quantidade de aproximadamente quinhentas famílias, que são amparadas por posto de saúde, alguns serviços gerais, além de escola. Como principal fonte de renda, as pessoas dessa tribo fazem artesanato e os vendem. No entanto, essas pessoas estão mais vinculadas à modernidade e aos recursos tecnológicos do que as da tribo citada anteriormente, por exemplo, embora os Pataxós vivam em casas de alvenaria e façam uso de diversos símbolos de sua cultura.
Na região de São Bernardo do Campo, em São Paulo, há a aldeia denominada Krukutu, que abriga cerca de quarenta e sete famílias, o que totaliza aproximadamente trezentas pessoas que se enquadram nas tribos Guarani e Guarani Kaiowa. As terras dessa região em que essa população se encontra estão devidamente demarcadas pela Fundação Nacional do Índio, a FUNAI, e ainda conta com posto de saúde, um Centro de Educação, um campo de futebol para as crianças e um Centro de Cultura Indígena. Essa tribo aceita doações que auxiliam em seu suporte, sobrevivência e desenvolvimento.
A tribo Jenipapo Kanindé se encontra em um local que, juridicamente, só acabou pertencendo a eles apenas no ano de 2011 e que se localiza em Aquiraz, no estado do Ceará. Uma peculiaridade dessa tribo é o fato de haver a primeira mulher como líder, a cacique que se chama Pequena. Isso demonstra um pouco da perda de algumas tradições, muito embora seja um avanço no que diz respeito à sociedade contemporânea. Há ainda algumas outras tradições que acabaram por se perder ao longo dos anos, mas o plantio e o cultivo da pesca ainda se mantêm para essa população, além de estarem muito conectados com a natureza e com as energias provenientes dela, principalmente pela realização da prática da meditação.
De volta à região Amazônica, mais especificamente no Acre, há uma população que só concretizou o contato com pessoas não-indígenas apenas após o século vinte. E a região em que vivem atualmente, a região de Tarauacá, que fica a um pouco mais de quatrocentos quilômetros de distância da capital do estado do Acre, Rio Branco, foi devidamente demarcada pela FUNAI, no ano de 1984. Essa tribo tem uma peculiaridade que é o chamado festival Yawa, que consiste em uma grande festa que tem como função festejar e celebrar a cultura dessa tribo, com a ocorrência de danças, cantos, brincadeiras, culinária e o artesanato da cultura indígena. Esse evento, atualmente, é aberto ao público, muito embora haja uma restrição de cento e cinquenta pessoas não indígenas, no máximo, por festival.
Na região de Santa Cruz do Xingu, no Mato Grosso, há a tribo que leva parte do nome da região, a tribo Xingu que, na verdade, compõe um grupo de dezesseis tribos indígenas que são concentradas no chamado Parque Indígena do Xingu. Esse parque, que fica a quinhentos e vinte quilômetros de distância da cidade e capital do estado do Mato Grosso, Cuiabá, foi criado no período de governo do ex-presidente Jânio Quadros, no ano de 1961. Essa é uma área que corresponde à maior reserva indígena do Brasil, apresentando uma extensão de trinta mil quilômetros quadrados de área total, como uma rica fauna, flora e um território repleto de culturas e de modos de viver típicos dessa população.
Além dos Xingus, no total, há duzentas e quatro tribos indígenas diferentes nessa mesma região, o que configura um total de aproximadamente cinco mil índios. Muito embora a grande maioria viva em condições e de maneira muito semelhantes, suas histórias são bastante distintas, bem como as suas origens e as suas histórias.
Devido ao fato de que a grande maioria da população brasileira ser parte de uma miscigenação dentre indígenas, europeus, árabes, asiáticos, africanos, enfim, há uma certa dificuldade em saber de maneira segura uma origem só. No fundo, talvez, nenhum de nós pertencemos a apenas um lugar, a apenas uma tribo. As características das diferentes tribos citadas anteriormente podem contribuir como forma de noção, apenas, para caso haja interesse em se aprofundar melhor no que diz respeito a aspectos mais específicos referentes à cultura de cada uma dessas tribos e, assim, por ventura, poder se identificar com alguma em específico, como uma maneira de se encontrar e de entrar em contato com as próprias raízes ou com raízes mais próximas possíveis.
