Abaporu e a Arte Moderna Do Brasil

O movimento da arte moderna no Brasil tem um ano chave: 1922. Talvez ao dizermos “arte moderna”, teremos um espaço muito amplo, que compreende várias linguagens: literatura, artes cênicas, xilogravura, música, etc. Vamos nos concentrar, então, na pintura que, aliás, já se apresenta no próprio título deste artigo.

Não se assuste, leitor, mas antes de 1922 o que tínhamos em termos de pintura? Muitos pintores obscuros que aportaram por aqui, trazendo o esplendor da cultura europeia, que contrastava, por sinal, com a natureza e a gente brasileira. Nossa pintura foi essencialmente histórica. Grandes quadros, representando momentos históricos do nosso país.

Abaporu e a Arte Moderna Do Brasil

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Pedro Américo foi um dos nossos grandes pintores desse momento. Mas, imagine um cronista, que com seus escritos, busca exagerar um pouco, aumentar o drama, não, um dramalhão, desses típicos de novela mexicana. É o que representa essa pintura pré 1922, com Pedro Américo o seu principal representante.

Não estamos denegrindo, de jeito nenhum! Não somente ele, mas outros, como, por exemplo, Debret, foram importantes para o desenvolvimento de nossa pintura, que ainda não era original, mas serviu como base.

O Museu Nacional de Belas Artes, sediado no município do Rio de Janeiro, abriga algumas das boas obras desse período. Estão lá, por exemplo, “A batalha do Avaí”, retrato exagerado de um conflito brasileiro, mas ao mesmo tempo suntuoso e belo. Em termos de estética, não houve nova percepção, não acrescentou muito, mas serviu e funcionou como uma crônica de um tempo, hoje, remoto para nós.

Abaporu e a Arte Moderna Do Brasil

Abaporu e a Arte Moderna Do Brasil

Mudou mesmo foi em 1922. Na verdade, um pouco antes, com Tarsila do Amaral viajando para a Europa, já tendo uma boa base, tendo estudado com bons mestres, mas, acima de tudo, tendo contato com o que havia de mais moderno lá fora. Ao voltar, sentiu falta de algo que pudesse representar melhor nosso país.

A natureza, nossa gente, as cores fortes que compunham o país, culminando, junto com outras artes, uma vontade de mudança, de novos olhares. Aí entra em cena o escritor Oswald de Andrade, uma verdadeira máquina intelectual capaz de arrebatar pessoas e, no caso, o coração de Tarsila.

Se na literatura tivemos dois bastiões, um moço calado, Mário de Andrade, responsável por obras primas como Macunaíma, entre outros, tínhamos um furacão, Oswald de Andrade. Apesar dos sobrenomes, não eram primos.

Abaporu e a Arte Moderna Do Brasil

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Na pintura, Tarsila era a estrela. E com um quadro desconcertante, para a época, entrou para a história em 1928. Fez o quadro como um presente para Oswald (era o início de um romance que culminou em casamento e, mais tarde, mas não tão tarde assim, em separação). Tarsila colocou o nome de “Abaporu”, que em tupi-guarani signifca “Homem que come”. Pronto! Estava ali uma obra que serviu como inspiração para o manifesto antropofágico e o resto é história.

Esse quadro alcançou o valor de venda mais alto no mercado brasileiro, US$ 1.500.000,00. E por uma dessas ironias do destino, da rivalidade entre brasileiros e argentinos que perdura até hoje, sobretudo no futebol, foi vendido para um colecionador argentino chamado Eduardo Constantini, em 1995.

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Categoria(s) do artigo:
Arte

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