Nos últimos anos, uma nova tendência de jornalismo esportivo vem tomando força nos principais programas de TV sobre o assunto. Popularizado pelo jornalista Thiago Leifert, apresentador do Globo Esporte, o novo estilo se caracteriza por muitas piadas, muitas delas fora do contexto e em momentos inconvenientes, que desagradaram muitos telespectadores de programas esportivos.
Não existe meio-termo neste tipo de jornalismo, já que os telespectadores se dividem entre os que apreciam e os que não gostam dessa nova forma de jornalismo esportivo. “Este tipo de jornalismo se tornou mais próximo do público, com interatividade e opiniões dos telespectadores, sendo estas mais elementares e menos embasadas, explica o jornalista e blogueiro esportivo Murillo Fernandes. Mas, segundo ele, alguns profissionais “perderam a mão” na hora de dosar essa descontração.
Uma gafe recente em uma coletiva de imprensa com o time do Palmeiras foi alvo de muitas discussões dos blogueiros e jornalistas esportivos, bem como do público que aprecia acompanhar telejornais esportivos. Foi a insatisfação do jogador palmeirense Hernán Barcos perante a uma piadinha fora de hora do jornalista Leo Bianchi. É um bom exemplo de que alguns profissionais perderam a capacidade de focar na informação prestada aos torcedores, preferindo apelar para piadas de mau gosto e fora de contexto.
Durante uma coletiva de imprensa no dia 16 de fevereiro na concentração do Palmeiras, o repórter do Globo Esporte Leo Bianchi perguntou a Barcos se ele conhecia o cantor Zé Ramalho, e mostrou algumas fotos do artista considerado parecido com o jogador alviverde.
Irritado com a gracinha fora de hora, Barcos afirmou que não era uma brincadeira, fazendo o jornalista pagar o maior mico de sua carreira. O vídeo da “chamada” que Barcos fez com Bianchi correu diversos sites e blogs da internet. Para quem não assistiu a cena da “saia justa” do repórter da Globo, é só acessar o link: http://www.youtube.com/watch?v=a3hSwJgZiJw&feature=related
“Os profissionais dessa ‘nova’ fase do glorioso jornalismo esportivo brasileiro, que teve como seu expoente maior o esplendoroso Armando Nogueira, idiotizam o público e a eles próprios, visto que o aspecto do jogo em si não é mais discutido, e sim a imagem de cabelos, brincos e tatuagens dos esportistas. Vejam, eu não quero saber onde o Neymar corta seu cabelo ou quantos quilates tem o diamante de seu brinco, eu quero saber quantos gols ele fez, onde errou e onde acertou no jogo”, explica o blogueiro e jornalista esportivo Murillo Fernandes (http://mubfer.blog.uol.com.br/).
Segundo o blogueiro esportivo David Duarte (http://opiniaododavid.wordpress.com), como muitos times brasileiros de futebol passaram a contratar jogadores de outros países, acostumados a uma outra forma de abordagem dos jornalistas, mais formal, situações como essas estão cada vez mais comuns. Quem não se lembra da bronca do jogador do Botafogo, o uruguaio Loco Abreu, deu em um jornalista que começou a falar do celular enquanto o entrevistava no ano passado?
Duarte expôs em seu blog que essas situações servem para que os profissionais tenham mais atenção ao seu trabalho, reservando situações descontraídas para entrevistas exclusivas e previamente agendadas, e não durante uma coletiva de imprensa.